As famílias que atualmente ocupam a antiga Faculdade de Direito da UFRN, na Ribeira, Zona Leste de Natal, vão entrar com uma ação judicial para prorrogar o prazo de reintegração de posse do casarão por mais 15 dias. As famílias são vinculadas Movimento de Lutas nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB).
Reunião aconteceu nesta segunda-feira (23) — Foto: Cícero Oliveira/UFRN
A decisão foi acordada em uma reunião com representantes da universidade, do Estado e do Município nesta segunda-feira (23).
Na sexta-feira (20), a Justiça Federal determinou que as famílias deixassem o prédio em 24 horas e autorizou o uso de força policial caso fosse necessário. As famílias estão no local desde o dia 30 de outubro.
Na reunião, também ficou acordado que durante os próximos 15 dias o Município e o Estado devem trabalhar para viabilizar um local seguro para as famílias.
Além disso, devem fornecer cestas de alimento e materiais de higiene e verificar procedimentos para o cadastramento dessa famílias desabrigadas em programas habitacionais.
Segundo a UFRN, o pedido de desocupação se deu levando em consideração o risco que o imóvel oferece aos ocupantes e o caráter histórico do prédio. O prédio é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O fato foi reforçado pelo presidente da OAB-RN, Aldo Medeiros, que mediou o diálogo. Segundo ele, o relatório técnico realizado pelo Iphan em 2018 aponta risco de ruptura das estruturas.
A instituição explicou que mantinha a vigilância no local, enquanto dava encaminhamento ao processo de restauração. O MLB ocupou o espaço no dia 30 de outubro alegando que o prédio está desocupado há quase 20 anos e não cumpre qualquer função social.
Famílias ocupam prédio da antiga Faculdade de Direito da UFRN, na Zona Leste de Natal. Prédio é tombado como patrimônio histórico. — Foto: Divulgação
O movimento também havia criticado a instituição por acionar a justiça sem qualquer tentativa de diálogo.
Na reunião, a pró-reitora de Administração da UFRN, Maria do Carmo de Medeiros, disse que o primeiro contato que a instituição recebeu foi no dia 20 de novembro, exatamente no dia da decisão judicial para a reintegração de posse.
Segundo ela, desde o contato, a universidade se colocou à disposição para participar da discussão com os órgãos responsáveis. “A UFRN é um ambiente de diálogo e pluralidade”, disse.
Na reunião, os representantes do MLB, Marcos Ribeiro e Alex Feitosa, disseram que as famílias visam construir um espaço de resistência, como forma de garantir moradia digna às pessoas que estão em situação de rua.
O movimento disse que está aberto a outra alternativa de imóvel que garanta segurança às 60 famílias.
Uma nova reunião foi marcada para a próxima segunda-feira (3), às 14h, para verificar o andamento do que foi acordado.
Fonte: G1
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