A nota divulgada nesta terça-feira (24) pela embaixada da China no Brasil indica, segundo assessores presidenciais, que o governo chinês cansou de apanhar do filho do presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). A avaliação é que a China decidiu elevar o tom de suas reclamações.
O filho do presidente, em mensagem publicada nas redes sociais na segunda-feira (23), lembrou que o Brasil aderiu à iniciativa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de lançar a chamada Clean Network, articulada por Trump com outros países para tentar vetar a entrada da empresa chinesa Huawei em outros mercados com serviços de tecnologia 5G. O deputado citou inclusive que a iniciativa visava banir a espionagem chinesa. Essa não foi a primeira vez que Eduardo atacou a China publicamente.
A nota da China, divulgado na terça-feira (24), contém um tom de ameaça ao governo brasileiro, de que esse tipo de comportamento pode gerar "consequências negativas" na relação histórica entre Brasil e China.
A embaixada reclamou do que considerou acusações de Eduardo são "infundadas" e "solapam" a relação entre os dois países. Eduardo preside a Comissão de Relações Exteriores da Câmara.
Em conversa com o blog, não só assessores presidenciais como investidores que têm negócios com a China lembraram que a embaixada no Brasil não divulgaria uma nota naquele teor sem avisar o governo chinês. Ou seja, a avaliação é que Pequim foi informada e autorizou a nota num tom mais duro.
Outra ala do governo Bolsonaro reclamou da decisão da embaixada da China de tornar públicas suas críticas e ameaças ao governo brasileiro. Para assessores do presidente, a embaixada deveria ter optado apenas pelo caminho diplomático e fazer suas queixas diretamente ao Itamaraty e ao Palácio do Planalto.
Assessores do presidente Bolsonaro disseram ao blog que serão feitas tratativas nos bastidores para amenizar o clima de mal-estar entre os dois países e, inclusive, gestões na busca de trocar o comando da embaixada chinesa no Brasil. Segundo assessores, o ideal é ter um embaixador que busque mais o caminho da negociação em vez do enfrentamento.
O problema, relatam investidores e diplomatas brasileiros, é que os ataques feitos por Eduardo Bolsonaro já foram endossados no passado não só pelo Itamaraty como pelo próprio presidente da República, que também já fez críticas públicas à China. Principalmente no caso da vacina que está sendo desenvolvida por laboratórios chineses contra o coronavírus.
Ou seja, os caminhos diplomáticos já não estariam surtindo o efeito esperado para evitar novos ataques à China. A embaixada, com aval do seu governo, decidiu elevar o tom. Na avaliação de investidores, cabe ao Brasil deixar claro se quer ou não ter uma boa relação com Pequim. Caso contrário, como destacou a nota, as consequências serão negativas para o Brasil.
Fonte: G1
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