O Ministério Público de Minas Gerais denunciou nesta quinta-feira três ex-dirigentes do Cruzeiro (Wagner Pires de Sá, Itair Machado e Sérgio Nonato) e mais seis pessoas (um ex-assessor de futebol do clube, três empresários, um ex-presidente do Ipatinga Futebol Clube e o pai de um atleta das categorias de base do Cruzeiro). Agora, a denúncia será avaliada por um juiz, que pode aceitá-la ou não.
A denúncia, apresentada pela 11ª Promotoria de Justiça de Belo Horizonte, trata de crimes de lavagem de dinheiro, apropriação indébita, falsidade ideológica e formação de organização criminosa. Segundo levantamento do MPMG, o prejuízo causado ao Cruzeiro é de cerca de R$ 6,5 milhões.
O Ministério Público pede a condenação dos investigados. Além disso, que seja fixada indenização ao clube, a título de dano moral coletivo, dano à imagem, com o pagamento do valor do prejuízo apurado, ou seja, R$ 6,5 milhões.
A nota divulgada pelo MPMG não cita nomes, mas o ge apurou que eles são, além dos citados acima, os empresários Wagner Cruz, Carlinhos Sabiá e Cristiano Richard, Christiano Polastri Araújo (ex-presidente do Ipatinga), Fabrício Visacro (ex-assessor de futebol), e Ivo Gonçalves, pai de Estevão William, de 12 anos, apelidado de Messinho, e que teve parte dos direitos envolvidos pelo clube no pagamento de dívidas com o empresário Cristiano Richard.
Mais informações sobre a denúncia só serão divulgadas após decisão sobre levantamento de sigilo de medidas, dados e informações que ainda estão em segredo de justiça. Em vídeo divulgado pelo Ministério Público de Minas Gerais, Daniel de Sá, promotor de justiça de combate ao crime organizado, que é responsável pelas investigações, explicou a denúncia:
- Foi oferecida a denúncia que encerra a primeira fase das investigações. Nelas, foram denunciadas nove pessoas. Entre elas, três dirigentes do clube e três empresários que, segundo a denúncia, compunham com eles (ex-dirigentes) uma organização criminosa. Além deste fato, mais dez crimes foram denunciados, entre eles: falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e apropriação indébita. Em função desse crimes, foi apurado um prejuízo na ordem de R$ 6,5 milhões contra o Cruzeiro. Valor que o Ministério Público pede que os denunciados por apropriação indébita ressarçam ao clube. Além disso, o MP também formulou o pedido para que as pessoas denunciadas por integraram a organização criminosa indenizem o clube por dano à sua imagem, neste mesmo montante de R$ 6,5 milhões.
Viaturas da Polícia Civil na Sede do Cruzeiro — Foto: GloboEsporte.com
"As investigações vão prosseguir, tanto por parte da Polícia Civil, quanto por parte do Ministério Público, para que possam apurar outros fatos delituosos e outros possíveis envolvidos"
As investigações prosseguem. Outros fatos são apurados pelas autoridades, entre eles contratos em nome do Cruzeiro com pessoas e empresas ligadas a dirigentes e conselheiros, que seria proibido pelo estatuto do clube em relação ao recebimento de remuneração.
“Forma de angariar apoio à gestão e impedir/dificultar a atuação dos mecanismos de controle e concessão de ‘vantagens a terceiros, especialmente ligados a torcidas organizadas do clube, com o propósito de angariar apoio à gestão’; visando à identificação integral dos envolvidos, beneficiários finais e valores auferidos” - diz a nota enviada pelo MPMG.
As denúncias
O ex-presidente Wagner Pires de Sá foi denunciado pelos crimes de falsidade ideológica, apropriação indébita e formação de organização criminosa.
O ex-vice-presidente-executivo de futebol Itair Machado foi denunciado por lavagem de dinheiro, apropriação indébita, falsidade ideológica e formação de organização criminosa.
O ex-diretor-geral Sérgio Nonato responderá por integrar organização criminosa e por apropriação indébita.
Os três empresários são acusados de integrar organização criminosa e apropriação indébita, sendo que dois deles ainda responderão por lavagem de dinheiro.
O pai do atleta das categorias de base do Cruzeiro responderá pelo crime de falsidade ideológica.
O ex-presidente do Ipatinga foi denunciado por lavagem de dinheiro.
O ex-assessor de futebol do Cruzeiro por apropriação indébita.
Posição dos denunciados
Procurado, Wagner Pires de Sá não atendeu às ligações da reportagem. À reportagem, Itair Machado disse que não cometeu irregularidades enquanto esteve no Cruzeiro e disse que terá a oportunidade de provar, na Justiça, sua inocência. O ex-vice de futebol tratou a situação como "armação política" e protestou contra o Grupo Globo pelas matérias publicadas.
- Não cometi nenhum ato ilícito e muito menos desviei um real sequer do Cruzeiro. E agora, na Justiça, vou ter o direito de provar minha inocência e mostrar que tudo isso é armação política das pessoas ligadas ao Clube. Agora está quase chegando a hora de a torcida saber quem fez a denúncia anônima na Polícia Civil e também entregou os documentos para a rede Globo fazer matéria contra o Clube. Pois, até a referida matéria, éramos o melhor Time do Brasil, reconhecido por todo Brasil, e os salários estavam todos rigorosamente em dia.Tenho provas de quem foi a pessoa do Clube que entregou os documentos e fez a denúncia anônima
Sérgio Nonato ainda não sabia da denúncia e pediu para procurarmos seu advogado. Leonardo Bandeira, advogado de Serginho, ressaltou que só vai se pronunciar após a decisão do juiz.
- A gente não pode esquecer, por exemplo, que teve um pedido de bloqueio de bens do Sérgio e o juiz não deferiu. Vamos esperar pra ver qual é a decisão do juiz para a gente poder se posicionar. Mas enquanto eu não tiver acesso à denúncia do MP, infelizmente, eu não posso te falar nada - disse Bandeira.
Ivo Gonçalves, pai de Messinho, também não estava ciente da denúncia. Ele afirmou que vai conversar primeiro com seu advogado e preferiu não se pronunciar. Hermes Guerrero, advogado de Cristiano Richard disse que ainda não foi notificado da denúncia:
- A acusação não procede. Não tenho como fazer maiores comentários, porque ainda não vi e, consequentemente, não examinei a denúncia.
Wagner Cruz, Christiano Polastri Araújo e Fabrício Visacro não foram localizados.
* Errata - A reportagem havia citado João Ramalho como um dos denunciados, mas, na verdade, trata-se de Carlinhos Sabiá.
Fonte: G1
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