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segunda-feira, setembro 28, 2020

Prefeitos e ex-deputado investigados por propina seguem presos no quartel da PM

 Os quatro prefeitos e do ex-deputado investigados na Operação Reciclagem, que apura crimes contra a administração pública, seguem presos em Ji-Paraná (RO). Os cinco políticos foram presos na última sexta-feira (25) pela Polícia Federal (PF) por integrarem um esquema de propina.


(Correção: O G1 errou ao informar em reportagem publicada nesta segunda-feira (28) que a Justiça negou habeas corpus aos suspeitos. Na verdade, foi feito pedido de prisão domiciliar a dois dos presos, mas o TJ não acatou. A defesa de três presos informou que deve pedir habeas corpus na terça (29). A informação foi corrigida às 16h05).


Segundo apurou a reportagem da Rede Amazônica, as prefeitas Gislaine Clemente (de São Francisco do Guaporé) e Glaucione Rodrigues Neri (de Cacoal) estão dividindo a mesma cela no quartel da Polícia Militar de Ji-Paraná (RO).


Já os prefeitos Luiz Ademir Schock (de Rolim de Moura) e Marcito Pinto (de Ji-Paraná) dividem outra cela no mesmo prédio. Junto deles está o ex-deputado Daniel Neri (marido de Glaucione), que foi preso na mesma ação da PF.



PF apreendeu R$ 256 mil na sexta-feira (25), durante Operação Reciclagem, que investiga prefeitos — Foto: PF/Divulgação


Na sexta-feira, após as prisões dos prefeitos e do ex-deputado, foi levantado a possibilidade de transferir os cinco suspeitos à capital Porto Velho. Mas a Justiça de Rondônia decidiu manter o grupo preso no quartel da PM em Ji-Paraná.


A reportagem apurou que os políticos investigados serão interrogados pela PF nesta segunda-feira (28). Também deve ser marcado uma reunião com os advogados dos prefeitos e do ex-deputado.


Por telefone, o advogado de Glaucione, Daniel e Lebrinha informou que entrou com pedido de prisão provisória para Daniel. Segundo ele, na próxima terça-feira (29) a defesa deve protocolar pedido de habeas corpus.


O G1 não conseguiu contato com a defesa de Marcito Pinto e nem com o prefeito de Rolim de Moura.


Operação Reciclagem

Segundo o delegado Flori Cordeiro de Miranda Júnior, da PF, a investigação da operação Reciclagem começou em dezembro de 2019, após um empresário que prestava serviços às prefeituras delatar sobre um esquema de propina.


O denunciante relatou, à época, que uma das prefeituras teria condicionado o pagamento de uma dívida com um prestador de serviço ao repasse de propina. Diante disso ele decidiu denunciar a fraude e delatou os outros três municípios que adotavam a mesma prática de corrupção.



No dia 25 de setembro foi deflagrada a operação Reciclagem e a PF cumpriu quatro mandados de prisão preventiva contra chefes da administração pública.


A prefeita Gislaine Clemente (MDB) - conhecida como Lebrinha e filha do deputado estadual Lebrão - foi presa na sede da prefeitura de São Francisco.


Já em Cacoal a polícia prendeu Glaucione Rodrigues Neri (MDB) e o marido dela, Daniel Neri. O casal foi filmado recebendo dinheiro de propina, conforme revelou o Jornal Nacional.


No mesmo dia, o prefeito de Rolim de Moura foi preso. Luiz Ademir Schock (PSDB) também é suspeito de participar do esquema.


O prefeito Marcito, de Ji-Paraná, foi preso na sede da administração municipal, o palácio Urupá. Ele foi levado à viatura sem algema (veja na imagem abaixo).



Prefeito Marcito Pinto é preso pela PF em Ji-Paraná — Foto: Reprodução/WhatsApp


Propina filmada

Vídeos obtidos pelo G1 revelam o momento em que Glaucione, prefeita de Cacoal, recebe dinheiro de propina.


Em outro vídeo entregue à justiça de Rondônia, a prefeita Lebrinha também aparece colocando maços de dinheiro dentro de um pacote. Segundo investigação, o dinheiro das imagens é oriundo de propina


Afastamento das funções e apreensões

Além dos mandados de prisão, a Justiça determinou o afastamento das funções públicas dos prefeitos e o bloqueio de ativos que ultrapassam R$ 1,5 milhão, valor que, em tese, teria sido recebido de forma ilícita.


"Na verdade, nós estávamos sentindo que isso iria se alastrar mais. É bem possível que mais pessoas teriam se envolvido em um ciclo sem fim. O pagamento sempre foi em dinheiro vivo, de notas de R$ 50 e R$ 100. A frequência (do pagamento) era imediatamente anterior ao dia do vencimento ou posterior ao pagamento com o recado de que, se não houvesse o pagamento, não teria mais", declarou em entrevista coletiva na tarde desta sexta o delegado Flori Cordeiro Miranda Júnior, em Ji-Paraná.


Na sexta-feira, a PF apreendeu um montante de R$ 256 mil, sendo R$ 10 mil em Ji-Paraná, R$ 26 mil em São Francisco do Guaporé e R$ 220 mil em Rolim de Moura. A corporação estima que as joias apreendidas em Rolim de Moura durante a operação cheguem perto dos R$ 5 milhões, mas o valor ainda será avaliado.



Um vídeo também mostra o deputado estadual Lebrão recebendo dinheiro que seria de propina (dinheiro que seria para a filha Lebrinha), porém o parlamentar não foi preso por ter foro privilegiado.


Também foram cumpridos 12 de mandados de busca e apreensão, com 22 equipes e envolvimento de cerca de 80 policiais federais nas quatro cidades.


O nome da operação, Reciclagem, faz referência ao ramo de atividades da empresa envolvida no caso e na origem dos recursos ilícitos. O Tribunal de Justiça que cuida do caso decretou sigilo nas investigações.


Fonte: G1

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