A Justiça de Angola decretou o fechamento de templos da Igreja Universal localizados em mais quatro regiões do país. Segundo a agência Lusa, de Portugal, as autoridades policiais encerraram ao longo deste domingo, 20, as atividades de prédios Kilamba, Estalagem, KM 30 e Samba. Este foi o primeiro fim de semana em que foram autorizados cultos religiosos no país desde a eclosão da pandemia de Covid-19.
© Igreja Universal Angola/Divulgação Grupo em prédio ocupado de Luanda: gritos de justiça e hasteamento da bandeira nacional -
Em agosto, sete templos da Igreja Universal foram fechados a mando da Justiça na capital Luanda. As medidas são fruto de uma investigação iniciada no final de 2019 que apura se a instituição comandada pelo bispo brasileiro Edir Macedo cometeu irregularidades, que vão desde discriminação racial e imposição de vasectomia a evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
Em comunicado enviado à Lusa, representantes da Universal disseram que foram surpreendidos pela decisão judicial e que os policiais atuaram “de forma truculenta e excessiva, cerceando os membros e fiéis que, na ocasião, estavam exercendo seu direito de liberdade de culto”. Ainda segundo a Universal, os agentes não portavam nenhum mandado ou documentação que comprovasse a legalidade da operação.
Instalada no país desde 1992, a Igreja Universal em Angola enfrenta um confronto entre dois grupos antagônicos – um, formado por brasileiros e angolanos ligados a Edir Macedo e ao líder em Angola, o bispo Honorilton Gonçalves; e o outro, de pastores angolanos dissidentes que se autointitulam a “comissão reformada” da Universal e são comandados pelo bispo Valente Bezerra Luís.
No fim de julho, o segundo grupo publicou a ata de uma assembleia-geral no Diário Oficial do país, “formalizando” a destituição da liderança brasileira da instituição religiosa. O grupo pró-Macedo reagiu dizendo que o documento “não tem validade nem legalidade”. E o conflito pelo comando da igreja, que arrecada uma soma considerável de milhões de reais dos fiéis, ainda continua.
Ainda em julho, o presidente Jair Bolsonaro se envolveu pessoalmente na questão, ao enviar uma carta ao presidente de Angola, João Manuel Lourenço, manifestando “preocupação” com os “recentes episódios” e pedindo uma proteção maior aos membros brasileiros da igreja, “a fim de garantir sua integridade física material e a restituição de propriedades e moradias”. Bolsonaro tem o bispo Edir Macedo como um de seus maiores aliados no segmento evangélico. O Congresso Nacional também se envolveu e passou a planejar uma viagem oficial ao país, em setembro, para verificar as denúncias de violência contra os pastores brasileiros.
Apesar da intervenção de Bolsonaro e do Parlamento brasileiro no conflito, o governo angolano manteve as investigações e tem insistido em dizer que o impasse não é de ordem política, mas jurídica. O ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Francisco Queiroz, reforçou recentemente que o problema não deve avançar para o plano diplomático. “O que se nota muitas vezes é tentar esconder o essencial: problema interno, de gestão, um problema que opõe alas internas dentro da igreja e transformar isto num problema político, que não é”, disse ele à imprensa local.
Fonte: Veja
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