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terça-feira, agosto 04, 2020

Pressão para ampliar gasto gera desconforto na equipe de Guedes e temor de perda da credibilidade

A equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, está desconfortável diante do aumento da pressão por gastos – que vem tanto de dentro do governo, como do Congresso Nacional – e já teme uma perda de credibilidade da política econômica, caso o presidente Jair Bolsonaro ceda a esses movimentos.

Em episódios recentes, diante do ritmo fraco da economia, a ala política do governo e integrantes da base de apoio de Bolsonaro no Congresso aumentaram as pressões para elevar investimentos públicos no próximo ano e prorrogar o auxílio emergencial até dezembro.

Segundo assessores de Guedes, as duas propostas são justas e defensáveis, mas precisariam vir acompanhadas de contrapartidas como a identificação de fontes de receitas, os cortes de despesas para financiá-las e o respeito ao teto de gastos.

O risco, na avaliação da equipe do Ministério da Economia, é que as duas medidas sejam adotadas com um simples aumento do endividamento público.

Ou seja, que a direção adotada como algo extraordinário e excepcional em 2020, para combater o novo coronavírus, seja mantida em 2021.

Se isso ocorrer, o Ministério da Economia avalia que haverá perda de credibilidade da política econômica, afetando, aí sim, a retomada do crescimento econômico do país. Nas palavras de um assessor de Paulo Guedes, o momento é delicado e decisivo para o governo em termos de futuro da economia brasileira.

Em relação ao auxílio emergencial, por exemplo, a proposta da equipe do Ministério da Economia é criar o Renda Brasil para substituir, de uma vez, o auxílio emergencial e o Bolsa Família. O projeto teria fontes permanentes de recursos, sem recorrer nem mesmo a um endividamento temporário.

No caso dos investimentos públicos em infraestrutura, a avaliação é que esse caminho já foi adotado no passado e não surtiu o efeito esperado. Só faz sentido, segundo técnicos da Economia, caso o Congresso aceite aprovar cortes em outras despesas, abrindo espaço no Orçamento da União para ampliar os investimentos públicos novamente.

"Estão, de novo, trabalhando pelo caminho mais fácil politicamente. Aprovar mais gastos, sem corte de despesas, de olho nos efeitos políticos de curto prazo. Só que, com o tamanho da crise fiscal e a retração econômica, os efeitos negativos virão praticamente ao mesmo tempo", alerta reservadamente um assessor de Paulo Guedes.

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Fonte: G1

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