A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou, nesta terça-feira (18), testes de fase 3 de mais uma vacina contra a Covid-19 no Brasil: a Ad26.COV2.S, desenvolvida pela Janssen Pharmaceuticals, do grupo Johnson & Johnson. Esta é a quarta vacina a obter autorização de testes no país (veja detalhes mais abaixo).
Profissional de saúde prepara vacina necessária para retorno às aulas em Los Angeles, Califórnia, no dia 12 de agosto. — Foto: Valerie Macon/AFP
A Anvisa não informou a data de início dos testes, que depende de aprovação no Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) – órgão do Ministério da Saúde responsável pela avaliação ética de pesquisas clínicas – e da organização dos pesquisadores para recrutamento dos voluntários.
Está prevista a participação de 7 mil pessoas, com idade mínima de 18 anos, em 7 estados: Bahia, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e São Paulo. Ao todo, a empresa pretende testar 60 mil pessoas nesta etapa (a terceira e última), que avalia a segurança e a eficácia da vacinação. Não há informações sobre se os testes serão restritos a profissionais de saúde.
Os participantes deverão receber uma dose única da vacina ou um placebo (substância inativa), para servir de grupo controle. A determinação de quem recebe a vacina ou o placebo será feita de forma aleatória (randomizada), e nem os voluntários, nem os pesquisadores saberão quais pessoas receberam qual substância (esse tipo de estudo é chamado de "duplo-cego").
As primeiras etapas (1 e 2) dos testes da vacina da Johnson começaram em julho, nos Estados Unidos e na Bélgica. Em um estudo com macacos publicado na revista científica "Nature", uma das mais importantes do mundo, cientistas disseram que a vacina da empresa protegeu os animais do Sars-CoV-2 (o novo coronavírus) com apenas uma dose.
Outros testes
Foto do Governo do Estado de São Paulo mostra voluntária tomando vacina experimental contra a Covid-19 da farmacêutica chinesa Sinovac, que está sendo testada no Brasil, no dia 21 de julho, na capital paulista. — Foto: Handout / Governo do Estado de São Paulo / AFP
Existem outras três vacinas sendo testadas em última fase (a terceira) no Brasil:
a de Oxford (inglesa);
a da Sinovac (chinesa);
a da BioNTech/Pfizer (alemã/americana).
No início do mês, a Fiocruz anunciou que pode começar a produzir a vacina de Oxford em dezembro. A fundação firmou um acordo com a AstraZeneca, farmacêutica que está por trás da produção, para repasse de tecnologia. Na semana passada, a Anvisa autorizou que os voluntários recebessem a segunda dose da vacina.
Na semana passada, o governo de São Paulo anunciou que pode receber, até o fim do ano, 15 milhões de doses da vacina da Sinovac, a "Coronavac". A vacina tem previsão de ser desenvolvida localmente pelo Instituto Butantan, que deve receber, a partir de outubro, material para começar a produção em solo brasileiro.
Segundo o diretor do instituto, Dimas Covas, após a aprovação da vacina, ela será entregue ao Programa Nacional de Imunização, do Ministério da Saúde, responsável pela distribuição e logística para o resto do país. A expectativa do governo estadual é de que a vacina esteja disponível em janeiro de 2021.
Já a vacina da BioNTech/Pfizer está sendo testada em mil voluntários em Salvador e São Paulo. A Pfizer já concordou em vender 100 milhões de doses ao governo dos Estados Unidos, oferecendo uma opção de compra de mais 500 milhões. A empresa também está em negociação com outros governos, inclusive com a União Europeia. O Japão comprou 120 milhões de doses até a primeira metade de 2021.
Vacina russa
Separadamente, o governo do Paraná firmou uma parceria com a Rússia para desenvolver a vacina criada pelo país, registrada na semana passada (a primeira no mundo). Nenhum teste clínico da imunização foi, entretanto, aprovado pela Anvisa até agora.
O estado criou um comitê para discutir ações envolvendo as parcerias firmadas com Rússia e China, além de buscar outras pesquisas em desenvolvimento.
De acordo com o Instituto de Tecnologia do Paraná, é possível que a produção das doses comece a partir do segundo semestre de 2021. O governo do estado disse que não descarta a possibilidade de importar a vacina russa e não produzi-la, caso a eficácia seja comprovada.
Além do Paraná, o estado de São Paulo também afirmou que foi procurado pelo governo russo para firmar uma parceria, mas não fechou nem descartou um acordo com o país.
A vacina russa levantou desconfiança na comunidade internacional, porque o país não publicou estudos com os resultados dos testes. A Rússia rejeitou as preocupações e anunciou que começaria a vacinar os médicos do país em breve.
Parcerias com Sinopharm
O governo do Paraná também assinou, no fim de julho, um acordo para testes de fase 3 com a chinesa Sinopharm. O ensaio ainda não foi autorizado pela Anvisa.
Na semana passada, o governo da Bahia também anunciou uma parceria com a Sinopharm para os testes de fase 3. Esses ensaios também não têm, por enquanto, autorização da agência.
Resultados publicados também na semana passada apontam que a vacina da Sinopharm induziu a produção de anticorpos em testes iniciais em humanos.
Fonte: G1
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