Até setembro, três operadoras de telecomunicações vão ativar o sinal da internet móvel de quinta geração (5G), tecnologia que promete uma conexão cerca de dez vezes mais veloz do que o 4G. Neste mês, duas empresas lançam o serviço.
Primeira fase do 5G começa no Brasil — Foto: REUTERS/Sergio Perez
Porém, o acesso ainda será limitado. Um dos motivos é que o Brasil só tem, atualmente, um aparelho de celular que suporta o 5G. Além disso, o sinal só vai ser ativado em alguns bairros de oito capitais do país.
Uma outra questão é que a nova tecnologia ainda não conta com todo o potencial prometido pelo 5G. Esta é apenas uma fase inicial, na qual as operadoras ativam o novo sinal a partir de um recurso que permite compartilhar frequências utilizadas pela rede 4G.
Este recurso é chamado de DSS (Dynamic Spectrum Sharing, ou Compartilhamento Dinâmico de Espectro).
Na prática, é como se o 5G "pegasse emprestado" uma parte da frequência utilizada pelo 4G para poder funcionar. As frequências são como "rodovias" por onde os sinais caminham. Neste primeiro momento, portanto, essas duas tecnologias irão dividir a mesma "rodovia".
Por enquanto, a expectativa é de que o usuário já tenha uma conexão mais veloz do que o 4G, que deve ser intensificada após o leilão de frequências da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), previsto para acontecer em 2021.
Depois do leilão, o serviço ganhará sua própria "rodovia" para poder trafegar. Nessa nova etapa, o 5G terá uma baixa latência, o que significa que o tempo de resposta para transferir um pacote de dados na rede será muito menor do que é hoje. Na prática, máquinas e serviços ficarão muito mais conectados e automatizados. (veja o infográfico no final da reportagem).
Por enquanto, o único modelo de aparelho celular que suporta o 5G no Brasil é o Motorola Edge. Lançado neste mês, ele custa a partir de R$ 5 mil e oferece memória de 128 GB. O Samsumg Galaxy S20 com 128 GB também é vendido a partir do mesmo valor. Já o iPhone 11 com memória equivalente tem um custo a partir de R$ 5,3 mil.
O Motorola Edge é compatível com a tecnologia 5G DSS e 5G. Já o Motorola Edge Plus não aceita o 5G DSS, somente o 5G, o que significa que o aparelho só vai acessar o 5G depois do leilão de frequências.
Leilão no Brasil e guerra comercial
A Anatel aprovou a proposta de edital do leilão do 5G em fevereiro deste ano. O certame estava previsto para ocorrer ainda em 2020, mas, com a pandemia do novo coronavírus, a agenda sofreu atraso e, agora, a expectativa é de que ocorra somente no ano que vem.
O processo de implantação da nova tecnologia também acabou se transformando em mais um capítulo da guerra comercial entre a China e os Estados Unidos (EUA).
Em maio deste ano, o presidente dos EUA, Donald Trump, prorrogou até 2021 uma ordem executiva que impede empresas americanas de negociar com companhias que possam gerar "risco à segurança nacional". A medida afetou, principalmente, a chinesa Huawei, que fornece tecnologia de 5G.
Seguindo os passos dos EUA, o Reino Unido também excluiu a chinesa de sua rede 5G, neste mês.
Já no Brasil, o processo de implementação do serviço também não deve levar em conta somente critérios técnicos. Segundo admitiu o ministro-chefe da Casa Civil, general Walter Souza Braga Netto, em junho, "questões políticas também serão levadas em consideração" durante a implantação do 5G.
Áreas de cobertura
A primeira fase do 5G no Brasil começou nesta semana com a operadora Claro, que passou a disponibilizar o serviço em alguns pontos das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. (veja a relação de bairros mais abaixo).
Já a Vivo, vai ativar o sinal a partir do dia 24 de julho em oito municípios brasileiros. A TIM, por sua vez, fará o lançamento em setembro, nas cidades de Bento Gonçalves (RS), Itajubá (MG) e Três Lagoas (MS).
Qualquer cliente dessas operadoras, independentemente do plano, terá acesso ao 5G nas áreas de coberturas, desde que possua, entretanto, um aparelho compatível. Não haverá custos adicionais para o uso do serviço.
Veja onde o 5G será ativado no Brasil
Claro
O sinal 5G da operadora foi ativado nesta semana e será disponibilizado, gradualmente, até o final de setembro, nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, nos seguintes pontos:
São Paulo: disponível desde o início desta semana na Avenida Paulista e região dos Jardins. Nos próximos dias, o sinal vai se estender pelos bairros de Campo Belo, Vila Madalena, Pinheiros, Itaim, Moema, Brooklin, Vila Olímpia, Cerqueira César, Paraíso, Ibirapuera e região da Avenida Berrini e de Santo Amaro.
Rio de Janeiro: disponível desde o início desta semana em Ipanema, Leblon e na Lagoa. Nos próximos dias, o sinal vai se estender por toda a orla, do Leme até a Barra da Tijuca, passando por Jardim Oceânico, Joá, São Conrado e Copacabana.
Vivo
O sinal 5G da operadora será ativado no dia 24 de julho e disponibilizado, gradualmente, até o final deste mês, nas seguintes localidades:
São Paulo: regiões da Avenida Paulista, Vila Olímpia e Berrini.
Brasília: Eixo Monumental, Esplanada dos Ministérios e shoppings.
Belo Horizonte: regiões de Savassi e Afonso Pena.
Salvador: Pituba e Itaigara.
Rio de Janeiro: Copacabana, Ipanema e Leblon.
Goiânia: região central da cidade.
Curitiba: Centro Cívico, Alto da Glória, Batel e Água Verde.
Porto Alegre: Moinhos de Vento, Avenida Carlos Gomes e Shopping Iguatemi.
TIM
O sinal da operadora será ativado a partir de setembro, nas seguintes cidades:
Bento Gonçalves (RS)
Itajubá (MG)
Três Lagoas (MS)
Infográfico explica o que é o 5G — Foto: Fernanda Garrafiel/G1
Fonte: G1
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