quinta-feira, julho 30, 2020

Justiça Eleitoral aceita denúncia, e Alckmin vira réu por caixa 2, corrupção e lavagem de dinheiro

Alckmin vira réu e vai responder na Justiça Eleitoral por caixa 2 ...
A Justiça Eleitoral de São Paulo aceitou nesta quinta-feira (30) a denúncia do Ministério Público contra o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) por falsidade ideológica eleitoral (caixa dois), corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Com isso, Alckmin vira réu no processo.

A defesa de Alckmin afirmou que "a denúncia ora recebida pelo Poder Judiciário dará a oportunidade que foi até agora negada ao ex-governador Geraldo Alckmin de se defender e de contraditar as falsas e injustas acusações de que está sendo vítima e, principalmente, de provar a sua improcedência" (leia, abaixo, a nota dos advogados do ex-governador).

Já o PSDB estadual informou que "reitera sua confiança na idoneidade do ex-governador Geraldo Alckmin. "Acreditamos na Justiça e temos convicção de que, ao final do processo, os fatos serão devidamente esclarecidos", afirmou Marco Vinholi, presidente do partido em São Paulo.

O Ministério Público acusou Geraldo Alckmin de receber R$ 11,3 milhões da Odebrecht durante as campanhas eleitorais de 2010 e 2014 ao governo do estado de São Paulo pelo PSDB. O ex-governador foi citado por três delatores do grupo. Segundo o MP, Alckmin recebeu os recursos sob o uso de diversos codinomes, como "pastel", "pudim" e "bolero".

A denúncia foi aceita pelo juiz Marco Antonio Martin Vargas, titular da 1ª Zona Eleitoral da capital paulista. No documento, o magistrado afirmou que a denúncia tem "indícios suficientes de materialidade" dos crimes e de suas autorias.

De acordo com os promotores que investigaram o caso, as transferências para Alckmin foram feitas via caixa 2. Isso porque a empreiteira estava impedida de fazer doações eleitorais em razão de ter contratos com o governo. Ainda segundo os promotores, Geraldo Alckmin sabia que o valor não seria declarado.

Codinomes
Segundo a denúncia, Geraldo Alckmin apareceu com codinomes diferentes nas planilhas de propina da Odebrecht. Na campanha de 2010, o nome do ex-governador vinha associado ao codinome "Belém". Ainda segundo a denúncia, na eleição seguinte, em 2014, Alckmin foi identificado como "Meia" em uma tabela disfarçada, que usava termos do futebol.

A acusação aponta que, em 2010, os pagamentos foram intermediados por Adhemar Cesar Ribeiro, cunhado de Alckmin. Adhemar só não foi denunciado porque, segundo os promotores, o prazo para processá-lo pelos crimes já prescreveu por causa da idade dele.

O Ministério Público disse ainda que Marcos Antônio Monteiro, ex-tesoureiro do PSDB e ex-secretário de planejamento do governo paulista, intermediou os pagamentos de 2014.

Os promotores afirmaram que os pagamentos faziam parte dos planos da Odebrecht de manter e de ampliar as relações com o governo de São Paulo. Segundo a acusação, a empreiteira tinha interesse em obras viárias e em projetos de transporte, especialmente do Metrô e do Monotrilho.

O Ministério Público também incluiu na denúncia os nomes de seis delatores da Odebrecht, que terão as eventuais penas estabelecidas de acordo com os termos de colaboração premiada de cada um deles firmou com a Procuradoria Geral da República (PGR).

O que disse a defesa de Alckmin:
"A denúncia ora recebida pelo Poder Judiciário dará a oportunidade que foi até agora negada ao ex-governador Geraldo Alckmin de se defender e de contraditar as falsas e injustas acusações de que está sendo vítima e, principalmente, de provar a sua improcedência. Por esta nota, em respeito à opinião pública e à confiança da sociedade, de que sempre foi merecedor, lamenta essa injusta e indevida exposição, confiante de que, ao final do processo, a verdade e a justiça prevalecerão, pois nunca recebeu valores a título de contribuição de campanha eleitoral que não tenham sido devidamente declarados nos termos da legislação vigente, nem tampouco praticou qualquer ato de corrupção, como, aliás, nunca fez durante mais de 40 anos de vida pública."

José Eduardo Rangel de Alckmin

OAB/DF 2977

Marcelo Martins de Oliveira

OAB/SP 81.138

Fonte: G1

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