A Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), emitiu um alerta do Programa de Vigilância de Acidentes por Animais Peçonhentos da Subcoordenadoria de Vigilância Ambiental (Suvam) sobre a necessidade de reforçar as medidas de prevenção contra acidentes envolvendo serpentes no estado. Isso por que os estoques estão críticos. De acordo com a pasta, só a soro antiofídico suficiente para dois pacientes picados por jararaca em estoque, neste sábado (11).
Hospital Giselda Trigueiro é um dos hospitais de referência para picadas de animais peçonhentos no RN — Foto: Quézia Oliveira/Inter TV Cabugi
Acidentes com jararacas são comuns no estado. Em janeiro deste ano, uma mulher de 49 anos picada por um animal acabou morrendo, mesmo após tomar o soro. O caso aconteceu no município de Dix-Sept Rosado, na região Oeste. Por causa do baixo estoque, os soros só são distribuídos entre quatro hospitais de referência em Natal, Mossoró, Caicó e Pau dos Ferros. De acordo com a pasta, porém, os estoques estão vazios em Mossoró e Pau dos Ferros, ambas as cidades no Oeste.
De acordo com a secretaria, o problema é decorrente da crise de abastecimento de soros antivenenos - utilizados para tratar picadas de serpentes e outros animais peçonhentos – que afeta todo o país. Os soros antivenenos são fornecidos unicamente pelo Ministério da Saúde, que desde 2013 vem enviando um número de soros menor do que o solicitado pelos estados.
"O cenário se deve às adequações necessárias, por parte dos laboratórios produtores, para cumprir as normas exigidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em virtude disso, são recomendadas algumas estratégias para o enfrentamento da escassez desses insumos, como o controle diário e minucioso dos estoques, centralização em unidades estratégicas e o uso racional desses imunobiológicos", disse a pasta.
Segundo a técnica responsável pelo controle dos soros da Sesap, Luanna Oliveira, “o estoque de soro antibotrópico (contra jararaca) está muito reduzido, tornando-se insuficiente para atender a demanda crescente dos acidentes. Na rede hospitalar de referência para esses atendimentos no RN, dispomos apenas do quantitativo para atender dois acidentes graves", disse.
Segundo a Sesap, novos pedidos foram feitos, mas a situação do Ministério da Saúde também é delicada com estoques reduzidos para atender todos os estados, além de enfrentamento de dificuldades com a diminuição dos voos para transporte dos insumos.
Crise antiga
Em 2013, o estado reduziu de 19 unidades hospitalares para seis, os hospitais de referência para picada de cobras, para centralizar mais o estoque. Diante da nova crise vivenciada em 2019, foi necessário centralizar ainda mais a oferta desse serviço e atualmente há no RN quatro unidades hospitalares que recebem os insumos: Hospital Giselda Trigueiro (Natal), Hospital Tarcísio Maia (Mossoró), Hospital Regional do Seridó (Caicó), Hospital Dr. Cleodon Carlos de Andrade (Pau dos Ferros). Em Mossoró e Pau dos Ferros, porém, o estoque está vázio.
Prevenção
Segundo a Sesap, entre os cuidados para prevenção de acidentes com serpentes recomendados pelo Ministério da Saúde estão: usar sapatos fechados de cano alto ou perneiras ao caminhar na mata ou entre folhas secas; ter muita atenção e usar luvas de couro ao manejar locais onde as serpentes possam estar presentes, como matas, tocas, troncos e lenhas de árvores. No amanhecer e no entardecer, é preciso evitar aproximar-se de vegetação muito próxima ao chão, gramados ou até mesmo jardins, pois é nesse momento que serpentes estão em maior atividade.
Outra recomendação é não colocar as mãos desprotegidas em buraco e cupinzeiros, folhas secas, monte de lixo, lenha e palhas, evitar acúmulo de lixo ou entulhos que possam atrair ratos ou outros pequenos animais, um dos principais alimentos das serpentes. Trabalhadores rurais devem fazer uso de equipamentos de proteção individual (EPI).
"Em caso de acidente, deve-se lavar o local da picada apenas com água e sabão, procurar o serviço de saúde mais próximo. Se capturar o animal, levá-lo junto para ser identificado, o que ajudará no tratamento, com o uso do soro específico para cada tipo de envenenamento ou informar ao médico o máximo possível de características do animal, como: fotos, tipo do animal, cor, tamanho. Além disso, não se deve amarrar o braço ou perna picada, fazer prática de torniquetes ou garrotes, perfurar o local da picada nem utilizar materiais como pó de café, folhas, álcool, querosene, ou outros contaminantes, nem chupar o local da picada".
Centro de Assistência Toxicológica
A Sesap disponibiliza o Ceatox, para orientação por telefone em qualquer situação de envenenamento. O Ceatox funciona em regime de plantão permanente 24h por meio dos números telefônicos: 0800 281 7005 / 3232.4295 / 98125-1247 / 98803.4140 (WhatsApp).
Fonte: G1
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