O comitê científico que assessora o governo do Rio Grande do Norte sobre as decisões relacionadas à pandemia do novo coronavírus entregou, nesta quinta-feira (30), um parecer favorável à manutenção da suspensão das aulas presenciais nas escolas públicas e particulares do estado. Em suas recomendações, o grupo considerou que o retorno das aulas deverá ocorrer somente quando risco de contágio for baixo para professores e alunos e que uma nova avaliação do quadro epidemiológico deve ser realizada em 30 dias, para apontar uma data provável de retorno.
Sala de aula da Escola Municipal Ivonete Maciel, na Cidade da Esperança — Foto: Secom/PMN
"Não é possível iniciar as aulas neste momento, pois não é seguro para os trabalhadores da educação, bem como para toda a comunidade escolar, alunos e familiares", aponta o parecer. A decisão sobre o assunto cabe ao governo do estado.
No início da quarta-feira (29), a governadora do estado, Fátima Bezerra (PT) afirmou que o comitê iria se reunir ainda ao longo do dia para tratar sobre o assunto, mas já considerava que o indicativo era de adiamento das aulas, cujo retorno previsto era 17 de agosto. À noite, o prefeito de Natal, Álvaro Dias (MDB) voltou atrás na decisão de autorizar o retorno das aulas nas escolas particulares no dia 10 de agosto e das escolas públicas municipais em 14 de setembro.
No documento, os pesquisadores consideraram que o retorno às aulas neste momento iria impactar de maneira significativa na taxa de isolamento social e isso poderia implicar diretamente no aumento de novos casos. Eles também argumentaram que a suspensão das atividades escolares é responsável por manter em isolamento social aproximadamente 30% da população do estado, quando ainda é necessário manter níveis de isolamento social em torno de 40%, por causa da falta de vacinas e medicamentos cientificamente comprovados para tratamento da Covid-19.
"Neste contexto que ainda requer cautela e maior observação da evolução dos indicadores epidemiológicos, o retorno das atividades escolares pode representar um forte impacto sobre a circulação de pessoas e, consequentemente, sobre os níveis de transmissão da Covid-19 em todo o estado. Somado ao expressivo contingente de matriculados no Ensino Básico no RN das redes estadual, municipal, federal e privada (superior a 800 mil) há de se considerar a indução a uma movimentação ainda maior de pessoas da comunidade escolar e fora dela. Por exemplo, haverá o aumento da circulação de pais e responsáveis, prestadores de serviços afins à atividade escolar como transporte público e particular, além da mobilidade de servidores docentes e demais funcionários desses estabelecimentos de ensino", considerou o relatório.
O comitê ainda argumentou que 17% dos domicílios potiguares eram coabitados por crianças de 6 a 14 anos e idosos em 2018, segundo levantamento do IBGE. Além disso, mais de 50% dos professores possui 40 anos ou mais, o que representa um risco de transmissão da doença, pelas crianças, a pessoas dos grupos de risco.
Por fim, o comitê ainda afirmou que atualmente há mais de 130 municípios com taxa de transmissibilidade maior que 1 e 40 municípios apresentam maior que 2, ou seja, um contaminado contamina, em média, outras duas pessoas. Desde a reabertura econômica, iniciada em 1º de julho, a taxa estaria apresentando instabilidade, inclusive nas maiores cidades do estado, como Natal, Mossoró e Parnamirim.
Fonte: G1
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