Cientistas da Universidade de Columbia, em Nova York, nos Estados Unidos, identificaram mais anticorpos capazes de bloquear, em testes de laboratório, o Sars-CoV-2, vírus causador da Covid-19, mostra uma pesquisa aceita para publicação nesta quarta-feira (22) na revista científica "Nature", uma das mais importantes do mundo.
Reconstrução em criomicroscopia mostra os dois anticorpos (em azul) se ligando à proteína (proteína S) que o novo coronavírus (Sars-CoV-2) usa para infectar as células humanas. — Foto: David Ho / Columbia University Irving Medical Center
Foram retirados 61 anticorpos bloqueadores do Sars-CoV-2 de 5 pacientes que se recuperaram da doença. Desses, 19 conseguiram neutralizar de forma "potente" o vírus em laboratório; entre eles, 9 se destacaram pela forma "refinada" com que combateram a infecção.
"Havia muito material clínico, e isso nos permitiu selecionar os melhores casos para isolar os anticorpos", explicou David Ho, que liderou o estudo. Os pacientes foram tratados no hospital da universidade.
"Agora temos uma coleção de anticorpos mais potente e diversificada em comparação a outros encontrados até agora, e eles estão prontos para serem desenvolvidos em tratamentos", explicou David Ho, que liderou o estudo.
Os cientistas também testaram um desses anticorpos em hamsters e descobriram que ele conseguiu, em uma determinada dose, eliminar o vírus do corpo dos animais.
Os cientistas partiram do conhecimento de que pacientes mais graves da Covid-19 produzem anticorpos mais potentes para a doença.
"Acreditamos que os pacientes mais doentes enfrentaram mais vírus e por um período mais longo de tempo, o que permitiu ao sistema imunológico montar uma resposta mais robusta", afirmou Ho.
"Isso é semelhante ao que aprendemos com a experiência do HIV", explicou o professor, cujo grupo pesquisava este vírus na universidade antes da pandemia.
Implicações para vacina
A pesquisa reforça achados anteriores, de outros cientistas, de que os anticorpos para o Sars-CoV-2 não são difíceis de produzir.
"Isso é bom para o desenviolvimento de vacinas", explicou Ho. "Vacinas que provoquem fortes anticorpos neutralizantes devem fornecer proteção robusta contra o vírus".
Outra pesquisa, publicada na semana passada também na "Nature", já havia identificado anticorpos do mesmo tipo (os chamados monoclonais) que também conseguiram bloquear o Sars-CoV-2 de forma potente.
Usar anticorpos já prontos, "transplantados" de pacientes recuperados, como forma de prevenir ou tratar a Covid-19 é diferente de buscar uma vacina, entretanto.
Isso porque a vacina estimula o próprio corpo da pessoa a produzir os anticorpos – o que contribui para uma resposta imune a longo prazo, explicou o biólogo Julio Lorenzi, que pesquisa o vírus HIV e agora estuda a resposta imune à Covid-19 na Universidade Rockefeller, em Nova York. Quando esses anticorpos já vêm prontos, de outra pessoa, acabam circulando por menos tempo.
Fonte: G1
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