A Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR) do Rio Grande do Sul informou, neste domingo (19), que, com o aumento das temperaturas, a nuvem de gafanhotos, que está na Argentina, avançou e chegou a 122 quilômetros de Barra do Quaraí, na Fronteira Oeste do estado.
Nuvem de gafanhotos está próximo a Corrientes, na Argentina. — Foto: Senasa Argentina/Divulgação
“Com a temperatura favorável a nuvem pode retornar, ingressar pelo noroeste do estado, até pelo sul, ou manter o deslocamento e ingressar pelo Uruguai. Sobre a chegada, estamos admitindo a possibilidade de ingresso e com plano operacional pronto, mas não é possível afirmar que vai entrar por esse dias, por isso seguimos monitorando” disse o fiscal agropecuário Ricardo Felicetti, chefe da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da SEAPDR.
Um relatório do governo argentino informou que a nuvem de gafanhotos se moveu cerca de 33 quilômetros ao sul do país nos últimos dois dias. De acordo com o fiscal agropecuário da secretaria estadual, Juliano Ritter, os insetos estão próximos a Corrientes, na Argentina.
"A nuvem de gafanhotos estava a 125 km na sexta-feira (17) do estado e teve uma movimentação ontem [sábado (18)] de 3 km, reduzindo a distância e passando para 122km de Barra do Quaraí", explicou.
Para entomologista Mauricio Pasini, o aumento das temperaturas nos últimos dias e a falta e de chuva podem favorecer o deslocamento dos insetos.
"Essas condições de temperaturas elevadas fazem com que os indivíduos, que já estão migrando, passem a migrar para outros ambientes em busca de alimentação. A população de gafanhotos pode vir para o RS desde que as temperaturas se mantenham elevadas e o sentido dos ventos nos locais aonde a nuvem está localizado hoje [domingo], seja em direção ao estado ou ao Brasil,” salienta Mauricio.
A secretaria monitora a nuvem de gafanhotos desde o surgimento, no mês passado, e orienta os produtores em caso de aparecimentos dos insetos.
"As medidas de supressão dos surtos consistem em ações de controle nas localidades atingidas pela nuvem. No caso de ingresso da nuvem, [faremos] controle químico. Para evitar que se estabeleça. Tem que agir rápido porque a nuvem tem muita mobilidade", explica Ricardo Felicetti.
Argentina
Na sexta, o Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Alimentar da Argentina (Senasa) realizou uma aplicação terrestre de inseticida contra a nuvem de gafanhotos na província de Corrientes. O local onde ocorreu a operação fica na divisa entre os departamentos de Curuzú Quatiá, Sauce e Esquina, cerca de 160 quilômetros de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul.
A estimativa inicial do tamanho da nuvem é de 10km² (dez quilômetros quadrados). Um novo levantamento deve ser feito nos próximos dias, pelo governo argentino, para avaliar se com o frio a população de insetos diminuiu.
Nuvem de gafanhotos
No final de junho, uma nuvem de gafanhotos destruiu lavouras de milho no Paraguai e se deslocou para a Argentina. Com a aproximação dos insetos da fronteira do Rio Grande do Sul, o governo brasileiro passou também a monitorar os gafanhotos.
Em aproximadamente um quilômetro quadrado de nuvem podem ter até 40 milhões de insetos, que consomem em um dia pastagens equivalentes ao que 2 mil vacas ou 350 mil pessoas comem, segundo o engenheiro agrônomo argentino Héctor Medina.
A Emater do Rio Grande do Sul orientou produtores da Fronteira Oeste do RS a monitorar a chegada da nuvem de gafanhotos.
O Ministério da Agricultura declarou estado de emergência fitossanitária nas áreas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, estados que poderiam ser afetados pelos insetos.
No dia 24 de junho, segundo as informações da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, o avanço da frente fria mudou o rumo dos gafanhotos e a nuvem permaneceu na Argentina.
Temperatura acima da média até quarta
A Somar Meteorologia estima que as temperaturas devem se manter acima da média até quarta-feira (22). A chuva só deve retornar a partir da quinta (23) no sul e oeste do Rio Grande do Sul e avança na sexta-feira para as demais áreas.
Essas precipitações são causadas pela passagem de uma frente fria, que devem ocasionar rajadas de vento de mais de 70km/h e descargas elétricas. Mesmo que os acumulados de chuva não sejam tão elevados, como na semana retrasada, quando um ciclone extratropical deixou milhares de pessoas desalojadas, essas chuvas podem causar alagamentos e outros tipos de danos.
No sábado (18), as cidades do Rio Grande do Sul que tiveram as maiores temperaturas registradas foram Campo Bom, com 31,7°C, Santa Maria, com 30,5°C, e Uruguaiana, com 30,3°C, segundo as estações automáticas do INMET, sendo que a média de temperaturas máximas para julho nessas cidades são 20,5°C, 19°C e 18,6°C, respectivamente.
Já em Porto Alegre, pela estação oficial do INMET, a temperatura mínima foi de 13,6°C e a máxima de 30,2°C, sendo que a média climatológica da mínima para julho é de 10,1°C e a máxima, de 19,3°C.
Fonte: G1
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