As estatísticas oficiais mostram também que o aumento do contágio no Brasil está bem mais acentuado que o aumento de óbitos pela Covid.
Os números assustam: mais de 2,4 milhões brasileiros infectados; quase 90 mil mortos desde o início da pandemia. A Covid-19 cresce em ritmos diferentes.
Enquanto a média móvel de casos na segunda-feira (27) foi 27% maior do que a registrada 14 dias atrás, a média de mortes teve crescimento de 1% no mesmo período, segundo o consórcio de veículos de imprensa.
A doutora Rosana Richtmann, infectologista do hospital Emílio Ribas, diz que o crescimento do número de casos tem a ver com a maior capacidade de diagnósticos da doença. “O número de testes que estão sendo realizados nos últimos tempos aumentou muito. Então, quanto mais você testa a população, mais casos você vai notificar, mais gente você vai achar positiva”, afirma Rosana Richtmann.
Até junho, o Brasil fazia quase 7 testes por mil habitantes. Hoje, essa taxa é de quase 12 testes. Apesar da evolução, os médicos dizem que ainda é pouco.
Estamos atrás de países como os Estados Unidos e o nosso vizinho Uruguai.
Outro fator que pode ter reflexo nas estatísticas é que desde junho, o Ministério da Saúde autorizou os médicos a notificar casos de coronavírus através de exames clínicos, sem necessariamente precisar de um teste para confirmação.
“Alguém que tem um quadro clínico de uma síndrome gripal. Vamos supor que tem uma congestão nasal e perda do paladar. Você não precisa mais fazer o teste para notificar esse caso como um caso de Covid”, explica Rosana Richtmann.
Sobre a menor variação do número de mortes, o professor de epidemiologia da USP destaca duas hipóteses: o perfil dos pacientes - mais jovens do que no começo da pandemia e, portanto, com menos risco de morte - e um maior conhecimento da doença, por parte das equipes médicas.
“A curva de aprendizado das equipes médicas foi melhorando com o tempo e hoje as pessoas estão morrendo menos nos hospitais do que no início da epidemia, seja aqui no Brasil ou em qualquer outro lugar”, diz o epidemiologista Paulo Lotufo.
Mas os especialistas alertam: “Então é uma boa notícia que não está aumentando? É uma boa notícia. Mas continuam morrendo mais de mil pessoas, mais de mil brasileiros por dia até hoje. Então, se a gente não encarar isso de maneiras mais rígidas em termos de protocolo, em termos de conscientização, esse número não vai abaixar e a gente não está confortável com isso” afirma Rosana Richtmann.
A melhor receita continua sendo a proteção. “Porque não adianta você melhorar a qualidade da assistência médica, se o número de casos continua aumentando. Porque existe um número maior de contaminados. Então, o segredo de tudo é evitar ao máximo a contaminação”, explica Paulo Lotufo.
Fonte: G1
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