A estratégia da Suécia na luta contra a Covid-19 é cada vez menos defendida no país. Se no início a população aderiu rapidamente à estratégia do governo, que adotou uma das políticas menos severas da Europa no combate à pandemia, nas últimas semanas, os suecos têm começado a protestar, inclusive com manifestações nas ruas.
O número de vítimas disparou e o país de 10,3 milhões de habitantes registra cerca de 4.300 mortos e mais de 36 mil contaminações confirmadas. Com 430 mortos para cada grupo de um milhão de pessoas, a Suécia tem uma taxa de mortalidade muito superior aos vizinhos, que praticaram uma política de isolamento mais rígida. A Noruega em 43 vítimas fatais por milhão de habitantes, a Dinamarca 98, a Finlância 56 e a Islândia 29.
Escolas primárias continuaram funcionando
Uma das causas dessa alta mortalidade e da propagação acelerada do vírus poderia estar ligada ao não confinamento oficial da população. Enquanto os demais europeus tentavam se isolar, na Suécia, as ruas continuaram cheias, cafés e restaurantes permaneceram abertos e mesmo se os adolescentes passaram a ter aulas a distância, as escolas primárias continuaram funcionando desde o início da pandemia.
A inércia das autoridades diante da demora de atendimento nas casas de repouso para idosos também é criticada. Muitos velhinhos morreram antes mesmo de dar entrada nos hospitais e hoje eles representam a maioria das vítimas fatais da Covid-19 no país.
Diante da situação, os principais partidos políticos do país se mobilizaram e pediram a criação de uma comissão de investigação.
Em um primeiro momento, o chefe do governo cogitou lançar o processo apenas no final da pandemia para, segundo ele, não interferir na urgência do combate ao vírus. Mas o premiê socialdemocrata Stefan Löfven acabou cedendo à pressão política e disse que ainda no meio deste ano vai começar a analisar a gestão da crise sanitária no país.
“Vários partidos estão de acordo para que essa comissão seja constituída o mais rápido possível, sem esperar o fim da crise”, declarou Ulf Kristersson, chefe do partido conservador Moderados, que se uniu à legenda populista Democratas da Suécia para pressionar o governo.
Essa “CPI da Covid” deve se concentrar análise dos esforços econômicos feitos pelas autoridades para combater a pandemia. Além da questão do isolamento, os críticos do governo contestam as razões burocráticas que impediram a realização de testes em massa na população.
No final de maio, 30 mil testes por semana estavam sendo realizados na Suécia, quando o país teria capacidade para testar até 100 mil pessoas por semana.
Fonte: G1
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