A Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) divulgou nota denunciando que o deputado estadual Capitão Alden (PSL), acompanhado de seguranças, invadiu o Hospital Riverside, que fica em Lauro de Freitas, região metropolitana de Salvador, na manhã desta quarta-feira (17). O deputado diz que a visita foi autorizada.
Capitão Alden é apoiador do presidente Jair Bolsonaro, que em transmissão nas redes sociais, no dia 11 de junho, incentivou pessoas a entrar em hospitais públicos ou de campanha que tratam da Covid-19 para filmar o interior das instalações.
Após a fala do presidente, já foram registradas invasões em hospitais do Rio de Janeiro, no Espírito Santo e em São Paulo. No dia 4 de junho, antes da transmissão de Bolsonaro, deputados já haviam invadido uma unidade de saúde em São Paulo.
Além disso, o procurador-Geral da República, Augusto Aras, durante pedido para que os Ministérios Públicos dos estados apurem denúncias de invasão a hospitais e ofensas a equipes, citou ameaças contra uma médica do Hospital de Ceilândia, no Distrito Federal.
A unidade de saúde em Lauro de Freitas é dedicada a pacientes contaminados pelo novo coronavírus. Segundo a Sesab, o deputado demonstrava estar armado e ameaçava, a todo momento, os profissionais da unidade, afirmando que daria voz de prisão.
Em nota, a Sesab afirmou que um dos seguranças do Capitão Alden teve contato com uma paciente, que estava com as partes íntimas expostas devido ao banho no leito.
Ainda por meio de nota, a Sesab disse que "é lamentável que o deputado e os seus seguranças coloquem em risco a própria saúde, sob risco de serem infectados com a Covid-19, bem como a de pacientes e profissionais". A nota da secretaria ainda diz que um boletim de ocorrência foi registrado para a apuração do crime cometido.
O Hospital Riverside abriga pacientes com diagnóstico de Covid-19 e casos suspeitos, possuindo 110 leitos clínicos. A unidade é ocupada mediante encaminhamento da Central Estadual de Regulação, o que significa que não recebe pacientes por demanda espontânea.
Em contato com o G1, o deputado Capitão Alden negou as acusações. Ele disse que desde maio enviou ofícios ao secretário de Saúde da Bahia solicitando visita a alguns hospitais de campanha para apurar denúncias que ele recebeu sobre falta de equipamentos de materiais de trabalho dos profissionais de saúde. Em um vídeo enviado pela assessoria do deputado, Capitão Alden aparece sendo revistado por policiais, para mostrar que não estava armado.
Segundo ele, como não teve resposta aos ofícios, ele conta que mandou mensagem via Whatsapp ao secretário Fábio Vilas-Boas. Em um print divulgado pelo deputado, consta uma conversa do dia 21 de maio, em que Capitão Alden fala ao secretário:
"Dr Fábio, bom dia. Tudo bem com você? Eu encaminhei, já faz um tempo, quase duas semanas, uma solicitação para poder fazer uma visita às instalações dos hospitais, unidades de saúde e hospitais de campanha aqui no estado, e ainda não obtive resposta. Gostaria de poder acompanhar a execução das obras, checar funcionamento das unidades, etc. Já mantive contato com o presidente da ALBA para enviarmos uma comissão de deputados que queiram participar das visitas. Amanhã, teremos sessão plenária e, infelizmente, terei que informar que não estão atendendo nossas solicitações. Por gentileza, tem como responder ao ofício, informando da autorização ou não? Estamos aguardando informações para podermos dar seguimento ao trabalho. Um abraço.
No print divulgado pelo deputado, a resposta do secretário Fábio Vilas-Boas é de que havia autorizado à equipe, mas que ainda iriam formalizar. "Desculpe a falta de consideração do meu assessor. Já despachei isso autorizando, vão formalizar", diz a mensagem de Vilas-Boas.
Em nota, a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia disse, no entanto, que informou à assessoria do deputado Capitão Alden de que não seriam autorizadas visitas a hospitais com pacientes internados. A única visita autorizada foi no Hospital Arena Fonte Nova que estava, naquela oportunidade, ainda sem pacientes internados. "Não permitimos visitas às unidades Covid-19, nem de familiares", diz a nota da Sesab.
Fonte: G1
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