Enquanto o governo estuda o valor do auxílio emergencial nas próximas parcelas, mais de 10 milhões de pessoas ainda não conseguiram receber o benefício.
É um desabafo de quem enfrenta necessidades:
“Eu dei entrada no meu auxílio emergencial dia 7 de abril. Eu sou babá, sou autônoma e pago o meu INSS, mas agora perdi o meu emprego de babá e estou vivendo de ajuda dos outros”, diz a babá Nazaré Barbosa de Araújo.
Segundo a Caixa Econômica, 10,5 milhões de brasileiros estão na mesma situação. O pedido do auxílio emergencial continua em análise. Nem a primeira parcela foi autorizada pelo governo.
“Tem dias que eu acordo e falo: ah, hoje vai. Aí eu vou lá olho e nada. Está em análise. É difícil”, afirma a operadora de caixa Flaviane Ramos Vieira Landim.
Zemar também olha para o aplicativo há 61 dias. A tela não muda. O motorista de ônibus foi demitido no começo da pandemia e estava em contrato de experiência.
“A fome não espera e as contas também não esperam. Então de emergencial esse auxílio não tem nada, só nome fictício, porque na verdade não é emergencial porque eu dou entrada e não sai de análise”, diz o motorista de ônibus Zemar Ferreira Gomes Júnior.
No dicionário, o significado da palavra emergencial é aquele que tem caráter de urgência, que não pode ser adiado. Por exemplo: quem tem fome e precisa do dinheiro para comer. Quem entendeu o significado da palavra emergencial foram os vizinhos. Eles também estão desempregados, receberam os R$ 600 e dividiram com a família do Zemar.
Alecssandro da Cruz Rocha é mecânico. Sem emprego há quatro anos, ele sabe o que é dificuldade e tentou amenizar o sofrimento dos amigos.
“Fiz e faço de novo, faço de novo. Não só porque são meus amigos, até por um desconhecido eu também faria a mesma coisa”, afirma Alecssandro.
Até agora, mais de R$ 76 bilhões foram pagos na primeira e na segunda parcelas do benefício. Quase 60 milhões de pessoas já receberam.
Para o economista Otto Nogami esse número poderia ser bem maior se governo federal tivesse pedido ajuda às prefeituras. O que, para ele, evitaria essa demora.
“A prefeitura é que, na verdade, tem acesso à sua população. Sabe exatamente onde estão essas pessoas, então isso daria uma celeridade maior, não só na identificação como no próprio auxílio à busca do benefício. Então a prefeitura poderia servir até como uma peneira para exatamente evitar que pessoas inabilitadas tentassem acessar o sistema”, afirma Otto Nogami, professor de Economia do Insper.
A Dataprev informou que dos 10,5 milhões de pedidos que ainda estão em análise, 8,9 milhões estão em fase final de homologação no Ministério da Cidadania. O ministério ainda não deu retorno ao nosso contato para esclarecer quando esse processo será concluído.
Fonte: Jornal da Globo
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