O apoiador do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), Renan Sena, foi detido pela Polícia Civil na tarde deste domingo (14). O homem, que é ex-funcionário terceirizado do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, foi levado à delegacia pelos crimes de calúnia e injúria, após divulgar vídeo com ofensas contra autoridades dos três Poderes e o governador Ibaneis Rocha (MDB). Ele foi liberado após assinar um termo de comparecimento em juízo.
Para o delegado responsável pelo caso, Giancarlos Zualini, Sena é suspeito de "narrar o vídeo" em que manifestantes lançam fogos contra o STF. O presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli apresentou representação contra ele à Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República, “por ataques e ameaças à Instituição deste Supremo Tribunal Federal e ao Estado Democrático de Direito”.
No ofício, Toffoli afirma que a representação se dá “por postagens em redes sociais, bem como todos os demais participantes e financiadores, inclusive por eventual organização criminosa”.
O ministro pede que sejam “adotadas as necessárias providências para a investigação e persecução penal”.
Sena já é indiciado por injúria durante outro protesto, no início de maio. Na ocasião, ele xingou enfermeiras que participavam de ato em memória a vítimas da Covid-19 (relembre o caso abaixo).
O G1 tenta contato com a defesa de Sena.
Ataques aos Poderes
No vídeo que circula nas redes sociais, gravado neste domingo, Sena faz ataques contra os presidentes da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), além de Ibaneis e Toffoli.
O apoiador de Bolsonaro afirma que foi "ameaçado" por órgãos de segurança. Na Praça dos Três Poderes, ele afirma que vive em uma "ditadura comunista" e chama autoridades de "bandidos".
Ao citar "ameaças" ele se refere a decreto que fechou o acesso à Esplanada dos Ministérios neste domingo. A medida foi publicada na noite de sábado (13) por "risco de agravos à saúde pública" e para evitar atos antidemocráticos e inconstitucionais. Contudo, houve protestos no local.
Na gravação, Sena se dirige a Bolsonaro e fala que o vídeo deve chegar até ele (assista acima).
"Olha aqui presidente, o que estamos passando, com essa ditadura comunista, que tem cobertura daqueles bandidos lá do STF, esses vagabundos do Congresso Nacional", diz Sena no vídeo.
Em seguida, ele xinga o governador Ibaneis e os secretários do governo do Distrito Federal.
"Nós, a família, que sustenta essa nação, com suor com trabalho, estamos sendo investigados e humilhados por esse governador bandido, esses secretários bandidos. Eles acabaram de nos ameaçar", afirmou.
Resistência
Segundo a Polícia Civil, Sena foi localizado dentro de um carro, como passageiro, próximo ao Setor de Indústrias Gráficas (SIG). A motorista que acompanhava ele "não obedeceu ao comando para parar" e ainda "arrancou com o veículo arrastando um policial por alguns metros".
Sena foi retirado do veículo pelos policiais e encaminhado à Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC).
Segundo a corporação, a motorista que estava com ele seguiu os policiais e "entrou na contramão diversas vezes". Ao chegar na delegacia, a mulher teria colidido o próprio veículo contra um carro da PCDF.
"Ela insistia em não obedecer aos comandos, não colocando as mãos no volante, nem desligando o carro", consta na ocorrência.
A Polícia Civil afirma ainda que a mulher estava "exaltada" e que foi "necessário a utilização de spray de pimenta por cautela da integridade física dela e dos policiais".
A motorista foi detida mas liberada após pagar fiança de R$ 1,5 mil, de acordo com a Polícia Civil. Já Renan, foi ouvido na delegacia, assinou um termo de comparecimento ao juízo e foi liberado.
O apoiador de Bolsonaro será investigado em um termo circunstanciado.
Indiciado
No dia 29 de maio, Sena foi indiciado por injúria e agressão contra enfermeiras durante ato realizado por profissionais de saúde, na Praça dos Três Poderes, em memória às vítimas da Covid-19.
O caso em questão ocorreu no dia 1º de maio, ele foi gravado xingando enfermeiras e empurrando uma delas. As agressões ocorreram durante uma manifestação realizada por profissionais de saúde para homenagear colegas mortos pela Covid-19 e a favor do isolamento social.
Sena aparece gritando com os enfermeiros. "Vocês consomem o nosso fruto do suor, nós construímos essa nação", disse.
Na data do protesto, Renan estava ligado a um cargo terceirizado no Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. Ele foi exonerado após o vídeo se tornar público.
Fonte: G1
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