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terça-feira, junho 16, 2020

Especialistas se preocupam com ritmo de contágio após reabertura de atividades no Brasil

Especialistas se preocupam com ritmo de contágio após reabertura ...Seguindo a recomendação da Organização Mundial da Saúde, governos estaduais e prefeituras no Brasil adotaram a quarenta para diminuir a expansão da Covid-19. Agora, diante da retomada das atividades em várias regiões, a preocupação dos especialistas é sobre como vai se comportar o ritmo de contágio.

Marcas no chão para lembrar do distanciamento, álcool gel à disposição, promessas de seguir os protocolos. Assim como outras cidades do país, vários municípios da Região Metropolitana de São Paulo e a Baixada Santista começaram a reabrir serviços e comércios com horário reduzido. “Nesse momento, a gente tem que respeitar as coisas que eles estão fazendo agora para reabrir”, disse Antônia Duarte, aposentada.

Para promover esse relaxamento, o governo do estado passou a olhar menos para índices como o de isolamento social, que está abaixo de 50% em São Paulo, e mais para a estrutura para tratar pacientes. São Paulo tem hoje 7.610 leitos de UTI, com 70% de ocupação, segundo a Secretaria da Saúde.

“Esse tempo foi o suficiente para que o estado adquirisse equipamentos de proteção individual, respiradores, aumentasse o número de leitos de UTI. Euma coisa importante: os óbitos que ocorreram em São Paulo não foram por falta e assistência”, destaca João Gabbardo, coordenador do Centro de Contingência da Covid-19.


São Paulo registra hoje a triste marca de 10.767 óbitos por Covid-19. Poderiam ser 65 mil se não fosse o isolamento. É o que mostram os gráficos e estimativas do Centro de Contingência para o novo coronavírus. São pouco mais de 181 mil casos da doença. A estimativa é de que, sem o fechamento de tudo o que não era essencial, poderiam ser 950 mil.

“O Plano São Paulo é um plano de gestão e convivência com a pandemia. Ele tem gatilhos para melhorar as medidas restritivas e para endurecer. A gente precisa da colaboração da sociedade como um todo. As pessoas precisam entender que não é porque o shopping está aberto, que a gente tem que sair de casa o tempo todo. E se os números voltarem a subir, vamos ter que voltar a endurecer”, explica Patrícia Ellen, secretária de Desenvolvimento Econômico.

Que o isolamento social evita contaminações e salva vidas os especialistas não têm dúvidas, mas o esforço ainda não foi suficiente para neutralizar a pandemia no estado de São Paulo e nem no Brasil como um todo.

O presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) cita exemplos da dinâmica cruel da infecção pelo novo coronavírus no país. “Tinham duas regiões no Brasil que o número de casos era relativamente pequeno e nós estávamos com a epidemia sob controle: Sul e Centro-Oeste. E o que nós observamos nos últimos 15 dias é que houve um aumento tão intenso da epidemia da Covid em algumas dessas cidades, principalmente as mais populosas, como Curitiba, Porto Alegre, BH e Goiânia, que algumas medidas tiveram que ser feitas para diminuir aglomeração humana”, explica Clovis Arns da Cunha, presidente da SBI.

Nesta segunda (15), os ônibus em Guarulhos, na Grande São Paulo, ficaram lotados. As aglomerações vistas em cidades que relaxaram as medidas de isolamento preocupam. Algumas já foram orientadas a voltar atrás como Ribeirão Preto, Barretos e Presidente Prudente, em São Paulo.


Em alguns países, o aumento de casos depois de uma grande queda é chamado de segunda onda da doença. Para o médico e matemático Eduardo Massad, professor da FGV, não é isso que se observa atualmente no Brasil.

“Não é que estou falando que vai ter uma segunda onda, o que eu estou falando é que nós abrimos antes da primeira onde acabar, então nós só vamos engordar essa primeira onda”, avalia.

Por isso mais do que nunca a responsabilidade com os cuidados é fundamental. “O uso da máscara, a higienização das mãos e o distanciamento físico de pelo menos de 1 a 1,5 metro. Então, na hora que as pessoas circulam em ambientes sem essa proteção, a pessoa infelizmente vai se infectar, porque esse vírus é muito contagioso”, destaca Clovis Arns da Cunha.

Fonte: G1

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