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quarta-feira, junho 17, 2020

Backer: Empresa contratou funcionários sem registro profissional para produzir cerveja

Backer: Empresa contratou funcionários sem registro profissional ...Funcionários responsáveis pela produção da Backer não tinham registro profissional e trabalhavam na empresa, quando houve a contaminação da cerveja. É o que diz o relatório da Polícia Civil encaminhado ao Ministério Público que a TV Globo teve acesso.

A investigação vasculhou os métodos de produção da Backer e descobriu que três funcionários, considerados peças-chave da fábrica, trabalhavam de maneira irregular. O chefe da manutenção, Gilberto Lucas de Oliveira, é engenheiro de controle e automação. O responsável pela linha de fabricação é Adenilson Rezende de Freitas, engenheiro de produção. Ramom Ramos é responsável por testar a qualidade da cerveja no laboratório da Backer. Ele é químico.

A polícia descobriu que os três não tinham registro profissional válido nos conselhos regionais de Engenharia e de Química. Por isso, não poderiam trabalhar na fábrica. Eles foram indiciados pelo exercício ilegal da profissão.

“O sujeito, se ele tivesse capacidade técnica como exige a lei, acredito que isso poderia ter sido evitado, sem dúvida nenhuma”, disse Ciro Chagas, advogado das vítimas.
Os investigadores queriam saber o papel dos funcionários ligados a produção e dos três sócios, Ana Paula Silva Lebbos, Hayan Khalil Lebbos e Munir Khalil Lebbos.

Christian Freire Brandt, um dos cervejeiros, respondeu que recebia ordens diretas de Ana Paula e Munir. Geralmente, essas ordens eram ligadas ao desenvolvimento de produtos. Também disse que Ana Paula estava sempre presente, mas era chamado à sala dela, quando era chamado para conversar sobre o trabalho. Christian também afirmou que Munir era o responsável pela expansão da Fábrica, controlando as obras e questões estruturais da cervejaria.


O gerente de operações, Anderson Candido de Almeida, declarou à polícia que tinha autonomia para autorizar consertos que custassem até mil reais. Serviços que envolviam orçamentos de maior valor eram levados à diretoria.

No relatório do inquérito, a polícia afirma que conseguiu entender o funcionamento geral da manutenção da cervejaria e a atuação de cada profissional da manutenção. O documento ainda afirma que havia presença de alguns proprietários nas áreas produtivas e nas tomadas de decisão, até nas de baixa complexidade.

Camila Dermatini sofreu duas vezes. Perdeu o pai, Paschoal Dermatini Filho e acompanha o tratamento do marido, Felipe. Os dois foram vítimas da intoxicação.

“Por mais que você tenha um responsável por cada setor, todos respondem para os donos. Porque são eles que contratam todo mundo. Eles respondem por todos os funcionários e todos os contratados deles ali dentro", disse Camila.
"Se eu puder fazer um paralelo, eu não atendo todos os clientes da farmácia que eu trabalho. Eu tenho os meus balconistas para isso. Porém, qualquer coisa de errado que eles fizerem, se eu não souber orientar, corrigir e treinar, quem vai responder por qualquer erro, sou eu”, completou.

De acordo com o depoimento de um dos funcionários da manutenção, a partir de 2017, a Backer começou a ampliar a fábrica. Foram instalados dois novos tanques a cada 45 dias. O tanque dez, que apresentou o vazamento, foi comprado de uma fábrica de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. Mas não foi instalado e nem testado pelo fabricante. Quem fez isso, foi um prestador de serviço contratado pela própria cervejaria.

“Não foi uma única causa que levou a esse envenenamento. Se, em algum momento, alguém se atentasse quanto a excesso de monoetileno sendo suado, quanto ao produto sendo usado de forma errada no chiller, ou mesmo uma testagem posterior, laboratorial, sendo que esse produto era usado, uma testagem para esse produto dentro da cerveja, nada disso estaria acontecendo e nós não estaríamos aqui conversando”, comentou o delegado Flávio Grossi.

“Os gestores não tiveram responsabilização no indiciamento para homicídio. Então, nós vamos trabalhar junto ao Ministério Público, para que, caso seja identificado isso, eles também respondam por homicídio”, completou Ciro Chagas, advogado das vítimas.

Em nota, a Backer disse que só vai se manifestar sobre o inquérito após posicionamento da justiça. A cervejaria não informou se sabia que os funcionários citados não tinham registro profissional, mas confirmou que vai cuidar da defesa deles.

Fonte: G1

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