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quarta-feira, maio 27, 2020

Provas apontam para 'real possibilidade' de associação criminosa, diz Moraes sobre gabinete do ódio

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse no despacho sobre a operação desta quarta-feira (27) contra fake news e ameaças à Corte que as provas apontam para "real possibilidade" de associação criminosa envolvendo o chamado gabinete do ódio. Moraes é o relator do caso. Para ele, o grupo divulga mensagens de "ódio, subversão e de incentivo à quebra da normalidade institucional democrática".

A operação cumpriu 29 mandados de busca e apreensão. Entre os alvos estão aliados do presidente Jair Bolsonaro, como o ex-deputado federal e presidente do PTB, Roberto Jefferson, e o dono da Havan, Luciano Hang, além de blogueiros.

No despacho, Moraes explicou que gabinete do ódio foi o nome dado, por parlamentares ouvidos no inquérito, ao grupo que espalha informações falsas e difamações na internet.

"As provas colhidas e os laudos técnicos apresentados no inquérito apontaram para a existência de uma associação criminosa dedicada à disseminação de notícias falsas, ataques ofensivos a diversas pessoas, às autoridades e às Instituições, dentre elas o Supremo Tribunal Federal, com flagrante conteúdo de ódio, subversão da ordem e incentivo à quebra da normalidade institucional e democrática", escreveu o ministro.
Ainda de acordo com Moraes, a atuação dos integrantes do gabinete do ódio, que "atinge um público diário de milhões de pessoas", é um risco para a independência dos poderes e para o Estado de Direito.


"Como se vê de tudo até então apresentado, recaem sobre os indivíduos aqui identificados sérias suspeitas de que integrariam esse complexo esquema de disseminação de notícias falsas por intermédio de publicações em redes sociais, atingindo um público diário de milhões de pessoas, expondo a perigo de lesão, com suas notícias ofensivas e fraudulentas, a independência dos poderes e o Estado de Direito", afirmou Moraes.

Trecho do inquérito que cita o blogueiro Allan dos Santos e perfis bolsonaristas — Foto: Reprodução/G1
Trecho do inquérito que cita o blogueiro Allan dos Santos e perfis bolsonaristas — Foto: Reprodução/G1

Direitos individuais não são 'absolutos e ilimitados'
Moraes também escreveu que direitos e garantias individuais não são "absolutos e ilimitados", na medida em que não podem desrespeitar direitos fundamentais previstos na Constituição.

"A proclamação dos direitos individuais nasceu para reduzir a ação do Estado aos limites impostos pela Constituição, sem, contudo desconhecer a obrigatoriedade das condutas individuais operarem dentro dos limites impostos pelo direito", disse o ministro.

Robôs
Segundo as apurações citadas pelo ministro, “as postagens são inúmeras e reiteradas quase que diariamente”. “Há ainda indícios que essas postagens sejam disseminadas por intermédio de robôs para que atinjam números expressivos de leitores”, afirmou.

Os perfis investigados usavam hashtags criadas por seguidores como #STFVergonhaNacional, #ImpeachmentGilmarMendes, #STFEscritoriodocrime, #hienasdetoga, #forastf, #lavatoga, e outros, especialmente no período entre 7 e 19 de novembro de 2019.

Grupo de empresários
Moraes registrou ainda que, segundo informações levantadas no inquérito, os empresários que foram alvo de busca e apreensão nesta quarta integram o grupo Brasil 200, apoiador do governo Bolsonaro.

"Também há informações de que os empresários aqui investigados integrariam um grupo autodenominado de 'Brasil 200 Empresarial', em que os participantes colaboram entre si para impulsionar vídeos e materiais contendo ofensas e notícias falsas com o objetivo de desestabilizar as instituições democráticas e a independência dos poderes", disse o ministro.

Ele disse ainda que os empresários atuam de "maneira velada fornecendo recursos (das mais variadas formas), para os integrantes dessa organização”.

fonte: G1

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