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quarta-feira, maio 27, 2020

Citada como exemplo por Bolsonaro, estratégia da Suécia contra coronavirus não serve para o Brasil, diz responsável por plano

Face pública da controversa estratégia local de combate à pandemia do novo coronavírus, o epidemiologista-chefe da Suécia, Anders Tegnell, diz que não adotaria a mesma abordagem no Brasil caso estivesse no comando da gestão da crise no país sul-americano.

Suécia foi citada recentemente pelo presidente Jair Bolsonaro como modelo a ser seguido no combate à Covid-19 — Foto: Getty Images/Via BBC
Suécia foi citada recentemente pelo presidente Jair Bolsonaro como modelo a ser seguido no combate à Covid-19 — Foto: Getty Images/Via BBC

"Não. É preciso sempre adotar uma estratégia que leve em consideração as circunstâncias locais, como, por exemplo, em termos de população e de saúde pública", afirma Tegnell em entrevista exclusiva à BBC News Brasil na sede da Agência Nacional de Saúde Pública da Suécia (Folkhälsomyndigheten).

A Suécia foi citada recentemente pelo presidente Jair Bolsonaro como modelo a ser seguido, por não impor isolamento duro contra o novo coronavírus e manter aberta boa parte do comércio.

"Vamos falar da Suécia? Pronto! A Suécia não fechou!", disse Bolsonaro há duas semanas.

Aos 64 anos e sem perder a serenidade, mesmo diante dos questionamentos diários e das críticas, Tegnell mantém a convicção de que sua estratégia tem sido a melhor resposta para lidar com a crise na Suécia. Mas alerta que é perigoso assumir que ela poderia ser replicada em outros países — inclusive no Brasil.

"Acredito que é sempre perigoso adotar a estratégia de qualquer outro país e implementá-la no seu, sem refletir sobre como ela funcionaria em seu território. É preciso ter cuidado ao adotar modelos de outros países sem levar em consideração a sua situação local específica, inclusive em termos históricos", acrescenta Tegnell.

Caso contrário, diz ele, representaria um risco.

"Da mesma maneira, seria muito arriscado adotar estratégias de outros países aqui na Suécia", ressalva o epidemiologista.

Fonte: G1

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