O aumento no número de casos de Covid-19 mudou o processo de identificação das causas de mortes - sem suspeita de coronavírus - no Rio Grande do Norte: os corpos são submetidos a uma autópsia verbal e, em alguns casos, são liberados sem uma causa de morte definida.
Sem a autópsia tradicional, os médicos fazem uma análise externa do corpo e entrevistam familiares para determinar a causa aproximada da morte. Esse procedimento passou a ser a adotado em março pelo Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) por recomendação do Ministério da Saúde para evitar contaminação pelo coronavírus.
O secretário adjunto de Saúde Pública do RN, Petrônio Spinelli, explica que nem toda morte passa pelo Serviço de Verificação de Óbito (SVO).
"A maioria das mortes que acontecem por doenças têm a causa diagnosticada pelo médico, ainda no hospital, e é feito o atestado de óbito. O SVO só é acionado quando há dúvida sobre a morte ou quando essa morte não acontece em ambiente hospitalar. Quando a morte acontece em casa, sem causa determinada e não há assistência médica, o corpo é levado ao SVO e a equipe técnica, a partir do olhar do corpo e da conversa com o familiares, poderá fazer um atestado baseado nas evidências mais próxima do diagnóstico", explicou.
Já os corpos de pessoas com suspeita de coronavírus são enterrados sem passar pelo Serviço de Verificação de Óbito. Ainda de acordo com o secretário, nesses casos, o médico do hospital pode colocar no atestado "causa da morte indeterminada" e, após o resultado do exame, em caso de confirmação, a família é informada e a morte entra para a estatística oficial do Estado.
Nesta quarta-feira (22), de acordo com o último boletim epidemiológico do Estado, o RN tem 29 mortes e 646 casos confirmados de Covid-19.
Causa indeterminada
O pedreiro Antônio Araújo da Silva, de 34 anos, foi sepultado na terça-feira (21) sem que a causa da morte fosse especificada. Segundo familiares, Antônio faleceu com sintomas de tuberculose. Ele não foi testado para a Covid-19 porque não foi considerado um caso suspeito e também não foi levado para a necrópsia em razão do novo funcionamento do SVO.
"O médico só colocou na declaração que a morte não tinha causa determinada, só que a gente quer que seja feita a autópsia para saber o que de fato aconteceu. Isso não é justo, é um misto de dor e incerteza", lamenta Rafaela Cristina Araújo Silva, irmã do pedreiro.
Sobre a situação, a Sesap informou que "infelizmente, em momentos excepcionais como os que estamos vivendo isso deve ocorrer" e que as medidas de segurança no SVO estão sendo adotadas em todo o país. "Esse é um momento muito delicado que estamos passando na verificação de óbitos. Isso é uma orientação nacional. A ideia é que não tenhamos necrópsia nesse período de pandemia porque existe um risco muito grande", destacou o secretário adjunto de saúde Petrônio Spinelli.
Fonte: G1
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