Dois credores entraram com pedido de falência da Cervejaria Backer no Tribunal de Justiça de Minas Gerais. A empresa é alvo de investigação da Polícia Civil depois que casos de intoxicação por dietilenoglicol começaram a surgir no estado. A substância foi encontrada na cerveja Belorizontina, fabricada pela Backer.
Ministério aponta novos lotes de Belorizontina, da Backer, contaminados — Foto: Danilo Girundi/TV Globo
A empresa informou em nota que a "prioridade da Backer é custear o tratamento médico dos clientes e amparar suas famílias. Imediatamente após o desbloqueio parcial dos bens pelo Tribunal de Justiça, ocorrido na última sexta-feira, a Backer iniciou as tratativas com os advogados dos clientes para efetivar o atendimento às suas necessidades. Todos os demais compromissos da empresa estão em segundo plano neste momento".
De acordo com o Fórum Lafayette, as empresas que entraram com o pedido de falência são de fundos de investimentos.
Segundo a petição inicial, em uma delas, a Backer emitiu uma nota promissória e se comprometeu a pagar R$ 600 mil, porém, até a data combinada, não tinha cumprido o pagamento na integralidade, deixando em aberto um valor em torno de R$ 51 mil. O saldo corrigido está em torno de R$ 52 mil.
Na outra ação, o valor da dívida seria de R$ 356.198, de acordo com o Fórum.
A fábrica da empresa está fechada há dois meses. Cerca de 150 funcionários já foram demitidos. As dispensas estão sendo feitas desde o dia 15 de janeiro.
O advogado do credor, André Vaz, disse que não vai comentar sobre o teor da ação até que o juiz a receba. O pedido foi feito nesta quarta-feira (11). "Não posso dizer muito em respeito ao meu cliente, mas o que posso adiantar é que não restou alternativa senão entrar na Justiça".
Investigação
No dia 6 de março, a polícia ampliou para 38 o número de casos suspeitos investigados e confirmou a presença de dietilenoglicol em 11 destes pacientes. O inquérito foi aberto em janeiro, depois que vítimas manifestaram sintomas como dores abdominais, náuseas, vômitos, alterações neurológicas e insuficiência renal.
A substância tóxica dietilenoglicol foi encontrada pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) em cervejas da marca, em tanques e na água da fábrica em Belo Horizonte, que está interditada. A Backer sempre negou usar o dietilenoglicol no processo de fabricação, mas afirma usar o monoetilenoglicol.
A polícia conta agora com o apoio do Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear (CDTN), autarquia do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), para desenvolver trabalhos da perícia e efetuar testes na fábrica.
Pelo método desenvolvido no CDTN um material fluorescente, uma espécie de contraste, vai ser colocado na serpentina que envolve externamente o tanque de cerveja. Depois, amostras recolhidas dentro do tanque serão analisadas no local.
O objetivo é saber se o contraste vai aparecer na amostra recolhida dentro do tanque.
Vítimas
Sete pessoas morreram vítimas da intoxicação por dietilenoglicol em Minas Gerais. A última foi Ronaldo Santos que morreu na noite deste domingo (8). O homem ficou internado por quase 50 dias em um hospital na Região do Barreiro, em BH, com sintomas de intoxicação.
Ronaldo tinha 49 anos e ficou internado quase 50 dias com suspeita de intoxicação por dietilenoglicol — Foto: Arquivo pessoal/Gustavo Henrique da Silva
Ronaldo Vitor Santos tinha 49 anos e era responsável pelo transporte de frutas na Central de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa). Pai de três filhos, de 27, 19 e 9 anos, morava na Região do Barreiro com a esposa.
O caso Backer completou dois meses de investigação e ainda não se sabe como o dietilenoglicol foi parar nos tanques de produção e nas garrafas de cerveja. O prazo de conclusão do inquérito não foi definido. Segundo a Polícia Civil, até o momento, foram ouvidas mais de 50 pessoas, entre testemunhas, vítimas e familiares.
A Backer informou que já começou as conversas com os advogados para oferecer suporte imediato aos tratamentos médicos e às famílias. A empresa disse que o auxílio inclui alguns critérios como a apresentação de exame toxicológico ou outro documento que comprove os danos causados, decorrentes do consumo da substância tóxica encontrada nas cervejas.
Fonte: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!