quinta-feira, março 12, 2020

Credores entram com pedido de falência da Backer na Justiça em Minas Gerais

Dois credores entraram com pedido de falência da Cervejaria Backer no Tribunal de Justiça de Minas Gerais. A empresa é alvo de investigação da Polícia Civil depois que casos de intoxicação por dietilenoglicol começaram a surgir no estado. A substância foi encontrada na cerveja Belorizontina, fabricada pela Backer.

Ministério aponta novos lotes de Belorizontina, da Backer, contaminados — Foto: Danilo Girundi/TV Globo
Ministério aponta novos lotes de Belorizontina, da Backer, contaminados — Foto: Danilo Girundi/TV Globo

A empresa informou em nota que a "prioridade da Backer é custear o tratamento médico dos clientes e amparar suas famílias. Imediatamente após o desbloqueio parcial dos bens pelo Tribunal de Justiça, ocorrido na última sexta-feira, a Backer iniciou as tratativas com os advogados dos clientes para efetivar o atendimento às suas necessidades. Todos os demais compromissos da empresa estão em segundo plano neste momento".

De acordo com o Fórum Lafayette, as empresas que entraram com o pedido de falência são de fundos de investimentos.

Segundo a petição inicial, em uma delas, a Backer emitiu uma nota promissória e se comprometeu a pagar R$ 600 mil, porém, até a data combinada, não tinha cumprido o pagamento na integralidade, deixando em aberto um valor em torno de R$ 51 mil. O saldo corrigido está em torno de R$ 52 mil.

Na outra ação, o valor da dívida seria de R$ 356.198, de acordo com o Fórum.

A fábrica da empresa está fechada há dois meses. Cerca de 150 funcionários já foram demitidos. As dispensas estão sendo feitas desde o dia 15 de janeiro.

O advogado do credor, André Vaz, disse que não vai comentar sobre o teor da ação até que o juiz a receba. O pedido foi feito nesta quarta-feira (11). "Não posso dizer muito em respeito ao meu cliente, mas o que posso adiantar é que não restou alternativa senão entrar na Justiça".

Investigação
No dia 6 de março, a polícia ampliou para 38 o número de casos suspeitos investigados e confirmou a presença de dietilenoglicol em 11 destes pacientes. O inquérito foi aberto em janeiro, depois que vítimas manifestaram sintomas como dores abdominais, náuseas, vômitos, alterações neurológicas e insuficiência renal.

A substância tóxica dietilenoglicol foi encontrada pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) em cervejas da marca, em tanques e na água da fábrica em Belo Horizonte, que está interditada. A Backer sempre negou usar o dietilenoglicol no processo de fabricação, mas afirma usar o monoetilenoglicol.

A polícia conta agora com o apoio do Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear (CDTN), autarquia do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), para desenvolver trabalhos da perícia e efetuar testes na fábrica.

Pelo método desenvolvido no CDTN um material fluorescente, uma espécie de contraste, vai ser colocado na serpentina que envolve externamente o tanque de cerveja. Depois, amostras recolhidas dentro do tanque serão analisadas no local.

O objetivo é saber se o contraste vai aparecer na amostra recolhida dentro do tanque.

Vítimas
Sete pessoas morreram vítimas da intoxicação por dietilenoglicol em Minas Gerais. A última foi Ronaldo Santos que morreu na noite deste domingo (8). O homem ficou internado por quase 50 dias em um hospital na Região do Barreiro, em BH, com sintomas de intoxicação.

Ronaldo tinha 49 anos e ficou internado quase 50 dias com suspeita de intoxicação por dietilenoglicol  — Foto: Arquivo pessoal/Gustavo Henrique da Silva
Ronaldo tinha 49 anos e ficou internado quase 50 dias com suspeita de intoxicação por dietilenoglicol — Foto: Arquivo pessoal/Gustavo Henrique da Silva

Ronaldo Vitor Santos tinha 49 anos e era responsável pelo transporte de frutas na Central de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa). Pai de três filhos, de 27, 19 e 9 anos, morava na Região do Barreiro com a esposa.

O caso Backer completou dois meses de investigação e ainda não se sabe como o dietilenoglicol foi parar nos tanques de produção e nas garrafas de cerveja. O prazo de conclusão do inquérito não foi definido. Segundo a Polícia Civil, até o momento, foram ouvidas mais de 50 pessoas, entre testemunhas, vítimas e familiares.

A Backer informou que já começou as conversas com os advogados para oferecer suporte imediato aos tratamentos médicos e às famílias. A empresa disse que o auxílio inclui alguns critérios como a apresentação de exame toxicológico ou outro documento que comprove os danos causados, decorrentes do consumo da substância tóxica encontrada nas cervejas.

Fonte: G1

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