O presidente Jair Bolsonaro disse ontem que está sob ataque de veículos de imprensa, atribuiu isso à diminuição de verbas do governo para publicidade e afirmou que não vai renunciar ao cargo. "Não vou renunciar ao meu mandato, não vou dar dinheiro para imprensa", disse o presidente em sua transmissão ao vivo pelo Facebook semanal. "Eu acredito que estou fazendo um trabalho bom, na medida que eu posso. Parece que não posso mudar nada", afirmou.
Créditos: Marcos Correa/PR
Jair Bolsonaro criticou a jornalista Vera Magalhães que noticiou sobre enviou de vídeos com convocações para protestos
Na transmissão, Bolsonaro lembrou de projetos de lei de interesse do governo e que, segundo ele, estão parados nas casas legislativas. "Alguns dizem que não tenho articulação com o Congresso", afirmou. O presidente pediu ao Parlamento que coloque em votação Medidas Provisórias (MPs) em pauta para não caducarem. Ele citou a MP que criava a carteira digital de estudantes e outra que dispensava empresas da obrigatoriedade de publicar balanços em jornais. Ambas perderam a validade antes de serem votadas.
O aceno ao Legislativo é feito em meio à repercussão da divulgação, pelo Estado, da notícia de que o presidente repassou para seus contatos no WhatsApp vídeos convocando para a manifestação marcada para o próximo dia 15, que tem como mote a defesa de Bolsonaro e críticas ao Congresso Nacional.
Jair Bolsonaro criticou a jornalista Vera Magalhães, editora do BR Político e colunista do jornal O Estado de S. Paulo, que noticiou que ele enviou, a seus contatos no WhatsApp, vídeos convocando para manifestações marcadas para 15 de março. Os atos estão sendo divulgados por movimentos de direita para defender do governo federal e atacar o Congresso.
Em entrevista na porta do Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse que Vera "mentiu" e alegou que compartilhou um vídeo de 2015. Depois, numa transmissão ao vivo, ele voltou a atacá-la.
Na terça-feira, o BR Político revelou que Bolsonaro compartilhou dois vídeos convocando para os protestos. Neles, há imagens do ataque a facada sofrido por Bolsonaro, em setembro de 2018, e de sua internação para tratar do ferimento. O site publicou também o print da tela do celular que mostra o presidente como responsável por compartilhar as mensagens. Anteontem, Bolsonaro afirmou que envia mensagens de "cunho pessoal" a amigos pelo WhatsApp.
"Vera mentiu. Quero que a Vera mostre o vídeo em que eu estou convocando as pessoas para isso", afirmou. "Tem um (vídeo) de 2015, que, por coincidência, no 15 de março houve um movimento, que foi num domingo", afirmou o presidente sem explicar a relação com o que foi divulgado.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, afirmou, anteontem, que Bolsonaro repassou a peça porque ela faz a defesa do presidente. O ex-deputado Alberto Fraga (DEM-DF), amigo de Bolsonaro, também confirmou ter recebido um outro vídeo, com mesmo teor, do telefone pessoal do presidente.
A divulgação do vídeo tem sido tratada como um endosso, por parte de Bolsonaro, às manifestações. Ela gerou reações no mundo político e jurídico. Já a reportagem do BR Político provocou uma onda de ofensas a Vera por parte de apoiadores do presidente nas redes sociais. A hashstag #VeraFakeNews chegou a ficar nos trending topics.
Ontem à noite, em sua conta no Twitter, Vera contestou a versão de Bolsonaro de que o vídeo seria de 2015, citando as imagens gravadas na campanha presidencial e depois da posse. "O senhor foi aconselhado a fazer essa live nesses termos? Acho perigoso a um presidente mentir em rede nacional. Acrescenta mais uma à sua lista de condutas impróprias", escreveu a jornalista.
Fonte: Tribuna do Norte
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