O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira (19) que há "muita má-fé" e "leviandade" na acusação do Ministério Público Federal (MPF), que o denunciou por suposto recebimento de propina em troca da edição de uma medida provisória que favoreceu montadoras automobilísticas em 2009. Ele negou ter sido favorecido pela edição da MP, aprovada posteriormente por deputados e senadores no Congresso.
O ex-presidente prestou depoimento na tarde desta quarta ao juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara da Justiça Federal, em Brasília. O depoimento faz parte do processo da Operação Zelotes, da Polícia Federal. O depoimento estava marcado para a semana passada, mas foi adiado, a pedido da defesa, em razão de encontro do ex-presidente com o Papa Francisco, no Vaticano.
A operação foi deflagrada em 2015 para investigar organizações criminosas que atuavam junto ao tribunal administrativo da Receita Federal responsável por analisar punições e aplicar multas a empresas e um suposto esquema de corrupção na venda de medidas provisórias (MP) que prorrogavam incentivos fiscais a empresas do setor automotivo.
“Eu conheço a acusação. Há muita má-fé, há muita leviandade”, afirmou Lula no depoimento. “Eu estou cansado de tanta mentira, de tanta leviandade, tantas insinuações. Parem de insinuar coisas ao meu respeito”, protestou o ex-presidente
Na denúncia, o MPF sustenta que, em troca de propina, o então presidente Lula em 2009, editou uma medida provisória a fim de prorrogar incentivos fiscais a empresas do setor automobilístico.
Segundo a acusação, com isso, Lula e Gilberto Carvalho, então chefe de gabinete da Presidência, arrecadaram R$ 6 milhões de forma ilegal para campanha eleitoral do PT.
O dinheiro teria sido repassado por Mauro Marcondes, apontado como lobista de uma empresa do setor e pelo advogado José Ricardo da Silva.
Lula e Gilberto Carvalho foram denunciados por corrupção passiva. Os outros cinco, por corrupção ativa.
Na semana passada, Carvalho prestou depoimento no âmbito da mesma ação penal e negou irregularidades.
O depoimento
Lula disse ao juiz Vallisney Oliveira que não acompanhou a tramitação da medida provisória e não discutiu a matéria com representantes do setor automobilístico.
Ele negou ter recebido Mauro Marcondes sozinho no Palácio do Planalto. Segundo Lula, o presidente da República não discute teor de medidas provisórias com empresários, mas com ministros da área.
“Eu não discuto medida provisória com empresários. Quem discute é o ministro da área que faz a MP. O Mauro Marcondes pode ter participado de alguma reunião comigo, mas em conjunto com outros empresários da área automobilística”, declarou.
Perguntado sobre trecho da acusação segundo a qual o governo teria disponibilizado o teor da medida um dia antes da publicação aos empresários do setor, Lula disse que as minutas da matéria passaram por vários funcionários.
“Quando você faz uma medida provisória que envolve três, quatro, cinco ministérios essas minutas correm por dezenas de funcionários que vão dar parecer”, justificou o ex-presidente.
Fonte: G1
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