O Rio Grande do Norte conta, atualmente, com um passivo de cerca de 10 mil pessoas aguardando a realização de cirurgias eletivas de média complexidade. Esse quadro é considerado pelos gestores de saúde como “uma fila viva”, já que a alta demanda faz com que sempre haja indivíduos que necessitam de intervenções que, embora não sejam urgentes, precisariam ser feitas para evitar uma situação de maior complicação para o paciente.
Créditos: Alex Regis
As demandas das cirurgias de vesícula e hérnia são os procedimentos mais solicitados pelos pacientes no Estado
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap), os pacientes aguardam por cirurgias que serão realizadas na rede hospitalar do estado, incluindo, hospitais filantrópicos, de todo o RN. A Sesap aponta que os principais procedimentos solicitados são os de hérnia, vesícula, próstata, vascular e ginecológica.
“Atualmente, as cirurgias ocorrem em alguns hospitais, mas o aceleramento deverá ocorrer a partir de abril, pois depende da chamada pública para a contratação de profissionais que estarão envolvidos na realização das cirurgias”, afirmou a Sesap. Entre os procedimentos que não são realizados pela pasta estão as de bucomaxilo facial, neurocirurgia, e de visão. Estas não serão contempladas neste programa.
Os dados da fila de espera no Estado não são precisos. A alcunha de “fila livre” se dá pela alta demanda que o ordenamento está submetido, e o processo que a informação dos pacientes percorre até que seja efetuada a solicitação de que aquele indivíduo necessita de uma intervenção cirúrgica, porém sem o caráter de urgência. Um indivíduo que procura uma Unidade Básica de Saúde, por exemplo, e tem identificada uma hérnia que precisa ser retirada de seu corpo não recebe um encaminhamento direto para que sua cirurgia seja realizada.
De acordo com o Núcleo de Regulação da Sesap, esse paciente necessita de atendimento de um cirurgião, realizado após encaminhamento feito pelo primeiro médico que o atendeu. Esse atendimento, muitas vezes, é feito no Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol), pela alta oferta de profissionais para essa atividade.
Cabe ao Huol neste processo enviar os dados dos pacientes que necessitam de cirurgias eletivas para o Núcleo de Regulação dessas cirurgias, da Sesap. No entanto, a secretaria conta, atualmente, com as demandas das cirurgias de vesícula e hérnia, os procedimentos mais solicitados pelos pacientes do RN.
As cirurgias eletivas fazem parte do atendimento diário oferecido à população em hospitais públicos. Dados registrados no sistema de informação do SUS mostram que, ao longo de 2018, foram realizadas 2,4 milhões de cirurgias dessa natureza em todo o país.
No início do ano, o Ministério da Saúde reservou R$ 250 milhões a mais para evoluir o ritmo de execução de cirurgias eletivas em todo o país pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os repasses começaram já em janeiro e reservaram, para o RN, um valor de R$ 4,1 milhões para tais intervenções.
Natal
Atualmente, as cirurgias eletivas na capital potiguar são realizadas em baixa escala, em pactuação com o Estado em três unidades: Hospital Santa Catarina; Hospital Walfredo Gurgel; e o Hospital Deoclécio Marques, em Parnamirim. O município potiguar não reúne condições de efetuar, por conta próprias, as cirurgias em nenhuma unidade própria. No entanto, o problema pode ser amenizado a partir da metade do ano, quando as intervenções passarão a ser feitas no Hospital Municipal, que passou por reestruturação em seu Centro Cirúrgico nos últimos meses.
“A estruturação vai ser importante para o município de Natal ter condições de diminuir cada vez mais essa fila. Estamos concluindo os últimos detalhes para dar início aos procedimentos no meio do ano”, afirmou George Antunes, titular da Secretaria Municipal de Saúde de Natal (SMS).
A recuperação foi motivada em razão da decisão proferida no cumprimento de sentença em ação ajuizada pela 48ª Promotoria de Saúde de Natal do Ministério Público do Rio Grande do Norte. De acordo com a promotora Gilcilene Sousa, que acompanha a situação desde antes do ajuizamento da ação, as cirurgias ainda não foram concluídas por falta de pessoal. “Sobretudo técnicas de enfermagem. O trabalho do MPRN em acompanhar e auxiliar na estruturação para que um bem coletivo seja obtido foi feita. Na última inspeção, feita em novembro, foi verificada uma estrutura bem diferente, mas que ainda precisa de profissionais para que as atividades sejam iniciadas”, explicou.
Segundo representantes da Secretaria Municipal de Saúde, o Centro Cirúrgico iniciará com as cirurgias de hérnia e vesícula, que atualmente têm o maior número de usuários em espera. Os custos da obra de reestruturação foram solicitados pela TRIBUNA DO NORTE à SMS. No entanto, até o final da reportagem, a informação não foi retornada.
Fonte: Tribuna do Norte
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