Fontes próximas ao papa emérito Bento XVI negaram nesta segunda-feira (13) que ele seja coautor do livro “Do fundo de nossos corações”, juntamente com o cardeal conservador Robert Sarah, que defende a manutenção do celibato no clero da Igreja Católica.
O Papa Francisco (dir.) cumprimenta o Papa emérito Bento XVI no monastério Mater Ecclesiae, no Vaticano, em 2013 — Foto: Reuters/Osservatore Romano
Segundo o jornal italiano “Corriere Della Sera” e o jornal argentino “La Nacion”, pessoas próximas a Joseph Ratzinger, que renunciou ao papado há quase sete anos, disseram que ele não escreveu parte do livro, como indica a publicação.
Segundo as fontes ouvidas pelos jornais, é “evidente que existe uma operação editorial e midiática”, da qual o papa emérito se distancia e está totalmente alheio. Ele não teria visto e nem aprovado o livro ou sua capa e nem assinado a obra.
O que teria acontecido, relatam, é que Bento XVI escreveu, há alguns meses, algumas anotações sobre celibato e, ao saber disso, o cardeal Sarah pediu para ler. “O papa emérito colocou o texto à sua disposição, sabendo que ele estava escrevendo um livro sobre o sacerdócio”, afirmaram aos jornais.
Trechos do livro foram publicados no domingo (12) no site do jornal francês "Le Figaro". O Vaticano não comentou de imediato o livro, que deve ser lançado nesta segunda-feira (13).
Em resposta, o cardeal Sarah negou que tenha mentido e publicou nesta noite uma série de cartas enviadas por Bento XVI a ele e que, segundo ele, comprovam a autoria do papa emérito no livro. Ele prometeu apresentar mais provas, "se necessário".
"Parece que os ataques insinuam uma mentira de minha parte. Essas difamações são de uma gravidade excepcional", afirmou o cardeal Sarah.
Padres casados na Amazônia
Em outubro, o documento final de uma assembleia de bispos católicos, ou sínodo, sobre a Amazônia propôs que homens casados da região remota possam ser ordenados como padres, o que provocaria uma mudança histórica na disciplina de celibato vigente há séculos na Igreja.
A proposta sugere que homens casados mais velhos que já são diáconos da Igreja, têm um relacionamento familiar estável e são líderes comprovados de suas comunidades sejam ordenados depois de uma formação adequada.
O Papa Francisco a cogitará, assim como muitas outras propostas sobre questões que emergiram durante o sínodo, incluindo o meio ambiente e o papel das mulheres, em um documento de sua autoria, conhecido como Exortação Apostólica, que deve ser publicado em poucos meses.
Em 2013, quando se tornou o primeiro papa a renunciar em 700 anos, Bento XVI, que mora no Vaticano e está com 92 anos e saúde frágil, prometeu se manter "escondido do mundo".
Mas ele deu entrevistas, escreveu artigos e contribuiu com livros, na prática rompendo a promessa e animando os conservadores -- alguns dos quais não reconhecem a legitimidade de Francisco.
Fonte: G1
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