quinta-feira, janeiro 23, 2020

Novo coronavírus pode ter vindo de cobras vendidas no mercado de Wuhan, aponta estudo chinês

O novo coronavírus surgido na China pode ter vindo de cobras, animais silvestres que são reservatório do vírus, afirma um estudo da Universidade de Pequim e da Universidade de Bioengenharia de Wuhan publicado na quarta-feira (22), no "Jornal of Medical Virology".

Homem passa por mercado de frutos do mar de Wuhan Huanan, onde se suspeita que a nova cepa de coronavírus teria começado a se espalhar. — Foto: Kyodo News/AP
Homem passa por mercado de frutos do mar de Wuhan Huanan, onde se suspeita que a nova cepa de coronavírus teria começado a se espalhar. — Foto: Kyodo News/AP

Os primeiros pacientes infectados pelo coronavírus tiveram contato com carne de animais silvestres vendida no mercado de frutos do mar da cidade de Huanan. A primeira infecção do novo coronavírus em humanos teria ocorrido depois do contato de frequentadores e trabalhadores do mercado com a carne de cobras.

“Muitos pacientes foram potencialmente expostos a animais silvestres no mercado atacadista de frutos do mar de Huanan, onde também eram vendidos aves, cobras, morcegos e outros animais silvestres”, diz o estudo.

"O surto de pneumonia viral em Wuhan está associado ao histórico de exposição ao reservatório de vírus no mercado atacadista de frutos do mar de Huanan, sugerindo uma possível zoonose. O mercado de frutos do mar também vendia animais vivos, como cobras, marmotas, morcegos, pássaros, sapos, ouriços e coelhos" , aponta trecho do estudo

Vírus infecta também animais
O coronavírus é uma família de vírus que pode infectar seres humanos e muitas espécies animais diferentes, incluindo suínos, bovinos, cavalos, camelos, gatos, cães, roedores, pássaros, morcegos, coelhos, furões, roedores, cobras e outros animais selvagens.

É a mesma família de vírus responsável pela Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS-CoV) e pelo coronavírus da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV), que causaram surtos perigosos nas últimas duas décadas na Ásia.

Para achar o possível hospedeiro dessa nova versão do vírus, chamada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2019-nCoV, os pesquisadores realizaram uma análise e comparação do material genéticos dos animais vendidos no mercado de Wuhan.

"Os resultados de nossa análise sugerem que a cobra é o reservatório de animais silvestres mais provável responsável pelo atual surto de infecção por 2019-nCoV", conclui o estudo. A transmissão teria começado entre espécies de serpentes e de serpentes para humanos.
Análises anteriores também mostraram que o sequenciamento genético do vírus vinha de morcegos, mas foi descartada a possibilidade deles serem a fonte direta. Em vez disso, o coronavírus recém-descoberto provavelmente pulou de cobras para humanos - especificamente de uma espécie conhecida como "Chinese Krait" ou cobra chinesa.

Contudo, o estudo não conclui como o vírus pulou pela primeira vez da cobra chinesa para um ser humano.

Transmissão
Também é um mistério para os pesquisadores do estudo como o vírus poderia pular de hospedeiros de sangue quente, como os répteis, para humanos, que tem sangue frio. O estudo conclui que o fato desse tipo de coronavírus ter conseguido dar esse salto sugere que é uma cepa "muito adaptável".

Os coronavírus são transmitidos de pessoa para pessoa pelo ar. Eles infectam principalmente o trato respiratório e gastrointestinal superior de mamíferos e aves. A maioria dos vírus causa sintomas relativamente leves, mas alguns podem causar complicações e, no caso do coronavírus da China, pode causar pneumonia grave, levando à morte.

Ainda não há tratamento aprovado para o 2019-nCoV. Além disso, os pesquisadores ainda não sabem ao certo quão facilmente o vírus pode se espalhar de humano para humano.

Dispersão do novo coronavírus pelo mundo — Foto: Rodrigo Sanches/Arte G1
Dispersão do novo coronavírus pelo mundo — Foto: Rodrigo Sanches/Arte G1

Fonte: G1

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