A Polícia Federal cumpriu mandado de
busca e apreensão na casa do deputado federal Luciano Bivar, presidente do PSL,
em Jaboatão dos Guararapes (PE), nesta terça-feira (15). A operação apura o uso
de candidatura laranja pelo partido do presidente Jair Bolsonaro na eleição de
2018. Também foram cumpridos mandados na sede do PSL em Pernambuco e em uma
gráfica.
Ao todo, o Pleno do Tribunal Regional
Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE) autorizou nove mandados para a Operação
Guinhol, atendendo a um pedido do Ministério Público Eleitoral (MPE). Todos os
nove já foram cumpridos.
A ação busca saber se houve fraude no
emprego dos recursos destinados às candidaturas de mulheres – ao menos 30% dos
valores do Fundo Partidário deveriam ser empregados em campanhas femininas.
Segundo a PF, há indícios de que o dinheiro foi desviado e usado por outros
candidatos.
O advogado de Bivar e do PSL divulgou
nota afirmando estranhar a operação em um momento de "turbulência
política" – nos últimos dias, Bolsonaro atacou o PSL, ameaçou deixar o
partido e foi criticado por Bivar (entenda a crise mais abaixo). A PF e o TRE
em Pernambuco não quiseram comentar a declaração.
Policiais federais apreenderam documentos, notebooks e pen drives durante Operação Guinhol — Foto: Marina Meireles/G1
"A defesa enfatiza que o
inquérito já se estende há 10 meses, já foram ouvidas diversas testemunhas e
não há indícios de fraude no processo eleitoral. Ainda na visão da defesa, a
busca é uma inversão da lógica da investigação, vista com muita estranheza pelo
escritório, principalmente por se estar vivenciando um momento de turbulência
política", diz a nota, assinada pelo escritório de advocacia de Ademar
Rigueira.
Mais cedo, Rigueira afirmou ao G1 que
a defesa vai colaborar com as investigações da PF e criticou a busca e
apreensão. "É um absurdo completo. Esse inquérito está se arrastando há
muito tempo, tudo foi esclarecido, não havia necessidade alguma dessa busca e
apreensão. O delegado está fazendo uma pescaria para encontrar alguma
coisa", afirmou o advogado.
O presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE) — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Os mandados de busca foram cumpridos
em endereços nos seguintes bairros do Recife:
Torre,
Rosarinho;
Madalena;
Ilha do Retiro;
Afogados;
e São José.
Em Afogados, fica uma gráfica. Já a
sede local do PSL é no bairro de São José.
Além desses locais, a PF seguiu para
o apartamento de Bivar, em Piedade, no Grande Recife, e para mais dois
endereços na cidade de Amaraji, na Zona da Mata Sul do estado.
Foram apreendidos celulares,
notebooks e pendrives nos endereços no Recife e em Jaboatão. Na gráfica, a PF
recolheu documentos.
Candidatura suspeita
A PF não informou qual candidatura é
o alvo da operação desta terça, mas uma das investigadas, desde fevereiro, é a
de Lourdes Paixão, que recebeu R$ 400 mil da direção nacional do PSL, terceira
maior verba concedida pelo partido. A candidata a deputada federal obteve 274
votos em 2018.
O dinheiro do fundo partidário foi
enviado a Lourdes pela direção do PSL, que tinha como presidente, na época,
Gustavo Bebianno. Após as eleições, Bolsonaro o nomeou ministro da
Secretaria-Geral da Presidência, mas ele foi demitido depois das primeiras
reportagens sobre as candidaturas de laranjas.
Em fevereiro, o advogado de Lourdes
informou que o dinheiro repassado pelo partido foi usado para a confecção de
adesivos e santinhos.
Lourdes informou ao Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) ter contratado uma gráfica para imprimir esses materiais de
campanha. Mas, no endereço da empresa, o G1 encontrou uma oficina de funilaria.
Os funcionários dessa oficina afirmaram que ela está no edifício pelo menos
desde março de 2018 – antes da campanha eleitoral.
A gráfica citada por Lourdes é um dos
alvos de busca e apreensão da operação desta terça.
Crise entre Bivar e Bolsonaro
Nos últimos dias, Luciano Bivar e o
presidente Jair Bolsonaro têm protagonizado uma disputa na cúpula do PSL.
Após Bolsonaro orientar um apoiador a
esquecer o partido e dizer ao homem que Bivar está "queimado pra
caramba", o presidente da sigla disse que o presidente da República estava
"afastado".
A declaração de Bolsonaro ao apoiador
ocorreu em uma manhã na portaria do Palácio da Alvorada, em Brasília, enquanto
o presidente cumprimentava simpatizantes. O homem se apresentou como
pré-candidato do PSL em Pernambuco e disse estar junto com Bolsonaro e Bivar.
“Cara, não divulga isso, não, cara. O
cara [Bivar] tá queimado para caramba lá. Entendeu? E vai queimar o meu filme
também. Esquece esse cara. Esquece o partido”, afirmou o presidente na ocasião.
Após Bivar tomar conhecimento da
declaração e criticar Bolsonaro, o presidente não chegou a deixar o partido
oficialmente. No entanto, na sexta-feira (11), o ex-ministro do TSE Admar
Gonzaga, que advoga para Bolsonaro, solicitou acesso a dados financeiros do
PSL. O objetivo é saber como Bivar está manejando as contas da legenda.
Crise entre Bivar e Bolsonaro
Nos últimos dias, Luciano Bivar e o
presidente Jair Bolsonaro têm protagonizado uma disputa na cúpula do PSL.
Após Bolsonaro orientar um apoiador a
esquecer o partido e dizer ao homem que Bivar está "queimado pra
caramba", o presidente da sigla disse que o presidente da República estava
"afastado".
A declaração de Bolsonaro ao apoiador
ocorreu em uma manhã na portaria do Palácio da Alvorada, em Brasília, enquanto
o presidente cumprimentava simpatizantes. O homem se apresentou como
pré-candidato do PSL em Pernambuco e disse estar junto com Bolsonaro e Bivar.
“Cara, não divulga isso, não, cara. O
cara [Bivar] tá queimado para caramba lá. Entendeu? E vai queimar o meu filme
também. Esquece esse cara. Esquece o partido”, afirmou o presidente na ocasião.
Após Bivar tomar conhecimento da
declaração e criticar Bolsonaro, o presidente não chegou a deixar o partido
oficialmente. No entanto, na sexta-feira (11), o ex-ministro do TSE Admar
Gonzaga, que advoga para Bolsonaro, solicitou acesso a dados financeiros do
PSL. O objetivo é saber como Bivar está manejando as contas da legenda.
Fonte: G1
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