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quinta-feira, setembro 26, 2019

PF cumpre 6 mandados de prisão contra membros de facção responsável por ataques no Ceará

A Polícia Federal cumpriu, nesta quinta-feira (26), seis mandados de prisão preventiva e outros 14 mandados de busca e apreensão contra chefes de facções criminosas que ordenaram e executaram ataques no Ceará. Outros nove mandados de prisão ainda estão sendo cumpridos pela PF durante a operação desta quinta.

Os alvos são responsáveis por atacar, em abril deste ano, torres de transmissão de energia elétrica, na Grande Fortaleza, e cometer as recentes ações criminosas na capital cearense contra veículos, prédios públicos e estabelecimentos comerciais. Segundo a PF, dos seis mandados cumpridos, apenas um foi contra um suspeito que estava solto. Os outros foram cumpridos contra um preso de Pernambuco e quatro detentos do sistema penitenciário cearense.

A nova onda de violência no Ceará chega, nesta quinta-feira (26), ao 7º dia, com pelo menos 85 ocorrências. Foram registrados incêndios contra coletivos, prédios públicos e privados e veículos particulares desde 20 de setembro. A polícia já capturou 74 suspeitos de envolvimento nos atentados.

Ceará tem ônibus e carros incendiados em onda de ataque que ocorre desde o fim de semana — Foto: TV Verdes Mares/Reprodução
Ceará tem ônibus e carros incendiados em onda de ataque que ocorre desde o fim de semana — Foto: TV Verdes Mares/Reprodução

Em outra série de atentados, ocorrida no início deste ano, três torres de transmissão de energia elétrica foram atacadas em Fortaleza e Maracanaú, na Região Metropolitana da capital, no dia 1º de abril. Criminosos acionaram artefatos explosivos nas proximidades dos equipamentos, mas não houve comprometimento das estruturas.

Ordens partiram de presídios, afirma PF
Além do Ceará, a operação da Polícia Federal também é realizada em Pernambuco, onde foi preso, na quarta-feira (25), um homem de 45 anos, natural de Umbuzeiro (PB), integrante e fundador da facção criminosa responsável pelos ataques.

Segundo o coordenador da Operação Torre, o delegado Elanio de Oliveira Júnior, o principal alvo da operação cometeu crimes em 2013 e seu principal alvo eram agências bancárias. Ele também estaria no comando nos ataques ocorridos em abril de 2019 e que a polícia não descarta o seu envolvimento nos ataques atuais no Estado.

“Esse preso no Estado de Pernambuco seria um dos fundadores de uma organização criminosa e que possivelmente estaria envolvido nos ataques atualmente. Comprovadamente nós já temos que está envolvido nos ataques ocorridos em abril e diante da necessidade de isolarmos ele de cumprir logo esse mandado de prisão nós cumprimos essa mandado na data de ontem que seria hoje para sim buscar outras medidas até confirmar realmente a questão da participação dele nos atuais ataques no Ceará”. Ele está preso os crimes que ele cometeu foram em 2013. Ele participava de explosões de caixas eletrônicos, ele foi preso com explosivos, armamento, e envolvidos ataques a caixas eletrônicos”.

De acordo com as investigações, as ações criminosas foram praticadas sob determinação de chefes de facção que cumprem pena em presídios. As ordens eram planejadas por eles e executadas por outros integrantes da mesma organização criminosa que se encontravam em liberdade.

Visitas e contatos com advogados

O delegado Elanio de Oliveira afirmou durante entrevista que a polícia ainda trabalha para descobrir como essas ordens para os ataques saiu de dentro dos presídios. Ele acredita que a inteligência da polícia descarta que as ordens saíram por meio de aparelhos celulares.

“Que as ordens chegaram a gente sabe que chegou. A gente acredita que não teria sido através da comunicação considerando as retiradas de celulares de isolamentos que ocorreram. Mas, existem inúmeras e outras formas das determinações virem do lado externo da cadeia dos presídios. A maneira de como essas informações chegaram a gente não sabe. Essas pessoas teriam determinado, mas como essa forma chegou não teria sido através da comunicação de telefone”.

Já o secretário da Secretaria de Segurança Pública, André Costa, afirmou que buscas foram realizadas dentro das celas dos presos e não foram encontrados nenhum aparelho celular. Ele defende a possibilidade de que a comunicação exterior ocorreu por meio das visitas e contatos com advogados.

“Sobre os presídios do Ceará fizemos buscas realizadas e não foram encontrados telefones celulares nas celas destes presos. A comunicação deles não acontece pelo telefone celular. A única forma deles terem comunicação com mundo exterior é através das visitas ou contatos com advogados”.

Transferência de 12 presos
Durante a coletiva, o promotor de Justiça do Ministério Público do Ceará, Rinaldo Janja, disse que o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) recebeu dois relatórios técnicos sobre a possibilidade de 12 presos serem transferidos o quanto antes para presídios federais. Esses relatórios estão sendo estudados e que podem ser enviados para a Vara de Organização Criminosa.

“O Gaeco recebeu dois relatórios técnicos na Secretaria Administração Penitenciária (SAP) sugerindo a transferência e inclusão no Sistema Penitenciário Federal de doze presos ligados a essa facção. E nós estamos analisando. Após análise do documento emitido pela SAP nós estaremos ajuizando esses pedidos para junto a Vara de Organização Criminosa”, revelou.

Ceará tem ônibus e carros incendiados em onda de ataque que ocorre desde o fim de semana — Foto: TV Verdes Mares/Reprodução
Ceará tem ônibus e carros incendiados em onda de ataque que ocorre desde o fim de semana — Foto: TV Verdes Mares/Reprodução

Os investigados responderão pelos crimes de dano, incêndio, participação em organização criminosa, dentre outras infrações.

Além da Polícia Federal, participam da operação o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO), do Ministério Público do Estado do Ceará, em conjunto com o Departamento Penitenciário Nacional e Secretaria de Segurança Pública do Ceará.

Rigor nos presídios gerou ataques
Segundo o secretário de Segurança Pública, André Costa, a recente onda de violência é uma reação de detentos ao 'fim de regalias' nos presídios cearenses. Ao todo, 257 presos foram transferidos como "forma preventiva e tática" para combater os atentados. Dez chefes de facção envolvidos nos casos foram encaminhados de penitenciárias estaduais a presídios federais.

Em abril, as explosões nas torres de transmissão tiveram relação com os ataques registados entre os meses de janeiro e fevereiro no Ceará. Foram mais de 260 ações criminosas contra coletivos, prédios públicos, agências bancárias, viadutos e comércios, em pelo menos 50 dos 184 municípios cearenses.

Os ataques foram motivados pela nomeação do secretário de Administração Penitenciária do estado, Luís Mauro Albuquerque, pelo governador Camilo Santana, em janeiro. Albuquerque adotou medidas que aumentaram o rigor dentro dos presídios cearenses, como vistorias frequentes, retirada de tomadas das celas e suspensão de visitas íntimas.

Fonte: G1

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