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quinta-feira, setembro 26, 2019

Menino de 11 anos é barrado por dois seguranças na porta de shopping; mãe chamou a polícia e diz que houve preconceito

Resultado de imagem para Menino de 11 anos é barrado por dois seguranças na porta de shopping; mãe chamou a polícia e diz que houve preconceitoUm menino de 11 anos, que estava acompanhado da mãe e da irmã de 2 anos, foi barrado por dois seguranças do Bourbon Shopping, na Zona Oeste de São Paulo, na tarde desta quarta-feira (25). Um Boletim de Ocorrência foi registrado na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) por preconceito racial.

O caso aconteceu quando o menino e mãe e a irmã saíam de uma lanchonete, que fica nas proximidades do shopping. A mãe, que estava de folga, resolveu continuar o passeio com os dois filhos no shopping. Quando entravam no estabelecimento, um brinquedinho da filha menor caiu do lado de fora da porta de entrada.

A mãe ficou com a filha do lado de dentro do shopping e esperou o filho passar pela porta e pegar o brinquedinho. O filho estava com dois copos de suco na mão e pegou o objeto da irmã. Quando se virou para entrar no Bourbon Shopping, ele foi cercado por dois seguranças, que o impediram de entrar no local.

Inconformada com a situação, ela correu até os seguranças para saber o que estava acontecendo. "Eles me pediram desculpas, mas disseram que muitas crianças circulam a região para pedir dinheiro aos clientes e que acharam que meu filho era um deles", disse a mãe.


A Polícia Militar foi chamada pela mãe, que identificou apenas um dos seguranças. O segundo agente que participou do bloqueio à criança segue sem identificação.

Segundo Ariel de Castro Alves, advogado da família, o BO foi feito com base no artigo 20 da lei 7716 de 1989. "Ela define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. É um caso grave de racismo e discriminação social e econômica. A delegacia agora vai chamar o segurança acusado de racismo e discriminação e os representantes legais do shopping para que prestem esclarecimentos."

Alves disse que o menino ficou abalado com o ocorrido. "Estamos sim num país racista. O menino ficou abalado e constrangido com a situação e disse que foi o pior dia da vida dele. E se fosse mesmo um menino em situação de rua e abandonado? Não poderia entrar no shopping? A Constituição Federal proíbe qualquer forma de discriminação."

Em nota, o Bourbon Shopping disse que "a empresa informa que os seguranças agiram em conformidade à orientação de abordar qualquer menor de idade desacompanhado que ingresse no shopping, e reforça que a atitude dos profissionais visa única e exclusivamente à proteção deste público."

O shopping informou ainda que "os dois seguranças, que trabalham para empresa terceirizada, foram identificados pela Polícia Militar. A empresa ressalta que repudia qualquer forma de racismo ou ato discriminatório."

Outro caso
Em março deste ano, Raquel Virgínia, uma das vocalistas da banda As Bahias e a Cozinha Mineira, relatou em sua conta no Instagram e contou ao G1 que presenciou um caso de racismo e foi ofendida por um segurança do Shopping Bourbon, na Zona Oeste de São Paulo.

Raquel, que é negra e trans, contou que estava fazendo compras no shopping quando passou por um grupo de cinco crianças e adolescentes negros que estava cercado e retido por seguranças.


Segundo a cantora, ao ser questionado sobre o que estava acontecendo, um dos seguranças afirmou que estava averiguando a reclamação de uma loja, mas não detalhou qual seria a reclamação. A cantora teria então começado uma discussão para pedir a liberação dos garotos.

“Eu comecei a discutir com um dos seguranças, que o tempo todo perguntou quem eu era. Eu respondi ‘uma cidadã, que paga impostos e não vai compactuar com o crime do racismo’. Depois de muita discussão voltei às compras e os garotos foram passear”, afirmou.

O mesmo segurança teria encontrado novamente Raquel após a realização de suas compras e a chamado de "puta".

“Voltei às compras. Encontrei com o segurança novamente: ele olhou minhas sacolas, por certo para saber meu poder de compra. Eu falei para ele: ‘pode olhar, sou rica, comprei bastante coisa e tudo coisa cara. Fruto de estudo e competência’. Ao que ele me disse: ‘tem que estudar pra ser puta e fazer programa?’”, disse à época.

Por meio de nota, o Shopping Bourbon informou que "repudia qualquer forma de racismo ou ato discriminatório". "Informa que todos os procedimentos e protocolos de abordagem a clientes estão sendo reavaliados junto à empresa terceirizada responsável pela segurança do shopping", diz o texto.

Raquel Virgínia — Foto: Flávio Moraes/G1
Raquel Virgínia — Foto: Flávio Moraes/G1

Fonte: G1

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