A ex-presidente Dilma Rousseff voltou ao Congresso nesta quarta-feira (4) pela primeira vez desde que sofreu o impeachment, em agosto de 2016. Ela participou de um ato, organizado por partidos de oposição ao governo de Jair Bolsonaro, contra privatizações de empresas estatais e em defesa da "soberania nacional".
A ex-presidente Dilma Rousseff durante ato na Câmara; ela voltou ao Congresso pela primeira vez desde o impeachment — Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Na última vez que Dilma tinha ido ao Congresso, em 29 de agosto de 2016, ela se defendeu, na tribuna do Senado, da acusação de crime de responsabilidade fiscal. No entanto, os parlamentares entenderam que a então presidente havia cometido irregularidades ao adotar as chamadas "pedaladas fiscais" e ao assinar decretos que geraram gastos para o governo sem autorização do Congresso Nacional. O impeachment foi aprovado dois dias depois.
O ato desta quarta-feira foi realizado em um auditório na Câmara dos Deputados. Dilma chegou acompanhada de aliados políticos, como o ex-prefeito de São Paulo e candidato derrotado do PT nas eleições presidenciais do ano passado, Fernando Haddad.
Também participaram os presidentes de partidos de oposição Carlos Lupi (PDT), Calos Siqueira (PSB) e Gleisi Hoffmann (PT), o ex-presidenciável Guilherme Boulos (PSOL), o governador do Piauí Wellington Dias (PT) e o senador Renan Calheiros (MDB-AL).
As privatizações, criticadas pelo grupo, são defendidas pelo governo como uma maneira de levantar recursos para o caixa da União e tornar mais eficiente a atuação das estatais. O governo já manifestou intenção de privatizar 17 empresas, entre elas Correios e Eletrobras.
Dilma participa de ato na Câmara ao lado do governador do Piauí, Wellington Dias (PT), e do senador Roberto Requião (MDB-PR) — Foto: Luiz Felipe Barbiéri/G1
Discurso
Em discurso de cerca de 30 minutos, a ex-presidente chamou o governo Bolsonaro de “neofascista”. Segundo Dilma, a gestão do presidente não tem compromisso com a nação nem com a soberania do país.
“Hoje em dia nós vivemos com a consciência de que este país, que havia resistido por quatro eleições presidenciais consecutivas, resistido ao neoliberalismo, hoje vê que foi necessário o surgimento de um governo neofascista para implantar o neoliberalismo", afirmou.
“Esse grupo que está no poder não tem o menor compromisso com a nação, portanto, não tem compromisso com a soberania”, completou Dilma.
A ex-presidente criticou também a atuação da Operação Lava Jato que, segundo ela, desmontou a imagem da Petrobras para atender interesses econômicos estrangeiros.
“É importante a gente notar que o processo de desmonte da imagem da Petrobras tem a ver também com o ataque da Lava Jato. A Lava Jato é responsável também por ferir economicamente as empresas nacionais, sobretudo a Petrobras”, argumentou.
“A privatização das estatais não é privatização coisa nenhuma, é desnacionalização, principalmente as maiores. A Petrobras não será privatizada, mas desnacionalizada. Não há no Brasil capital suficiente para comprar e desenvolver a Petrobras”, concluiu Dilma.
Criação de frente parlamentar
O evento foi marcado por gritos de “Lula livre” e “fora Bolsonaro”. Os manifestantes ainda fizeram, a pedido do bispo Dom Evaristo Pascoal, um minuto de silêncio em razão do aumento das queimadas na Amazônia.
No encontro foi lançada a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Soberania Nacional. O grupo será presidido pela senadora Zenaide Maia (PROS-RN) e coordenado pelo deputado e ex-ministro do Desenvolvimento Social do governo Lula, deputado Patrus Ananias (PT-MG).
A criação de um projeto em “defesa da soberania nacional” foi articulada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba após ser condenado na Lava Jato.
Fonte: G1
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