Diplomatas e ambientalistas falaram ao Jornal Nacional sobre o tom do discurso do presidente Bolsonaro.
A expectativa era de um discurso em tom mais conciliador, uma oportunidade para reforçar a preocupação do Brasil com o meio ambiente. Mas não foi bem assim, disse o ex-embaixador aposentado Marcos Azambuja.
“Eu acho que você chegar em Nova York, nas Nações Unidas, e fazer uma defesa da soberania, da supremacia nacional, da supremacia do interesse nacional sobre tudo o mais, de desconfiança dos meios de comunicação, de criticar as ONGs. É impróprio. Me pareceu é que havia no discurso uma ideia de que a ideologia segundo o nosso presidente é o que os outros acreditam. O que ele acredita é apenas a verdade”.
O Observatório do Clima, uma rede de 37 entidades da sociedade civil que monitora as mudanças climáticas, disse em nota que o presidente ao abdicar a tradicional liderança do país na área ambiental em nome de sua ideologia, põe em risco o próprio agronegócio que diz defender.
“O presidente deixou escapar oportunidades de mostrar o país que investe em soluções, de mostrar um país que é amigo do meio ambiente, de mostrar um país que encara os seus problemas e apresenta um caminho para resolvê-los. A Amazônia está sofrendo, ela precisa de uma solução e isso pode colocar a imagem do país, os nossos negócios, a perder. O discurso do presidente só isola o Brasil”, afirmou Marcio Astrini, coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace.
O ex-embaixador Rubens Barbosa disse que esperava um discurso menos agressivo e mais cuidadoso. Os assuntos abordados, com críticas a potências europeias e a demarcação de terras indígenas no Brasil, segundo ele, criaram mais atritos junto à comunidade internacional.
“O discurso de Bolsonaro era em algumas partes um relatório de política interna e que é claramente dirigido ao público interno, enquanto, na ONU, se espera dos presidentes, dos ministros que discursam lá, uma visão de mundo. O presidente diz isso no discurso, que ele queria restabelecer a credibilidade e a confiança do mundo em relação ao Brasil. Isso se torna mais complicado porque os pontos de atritos foram ampliados”.
Fonte Jornal Nacional
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