Pesquisadores da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desenvolveram uma partícula biodegradável, feita de amido de milho e óleo essencial de tomilho, capaz de combater as larvas do mosquito Aedes aegypti.
Partículas de combate ao mosquito Aedes aegypti são feitas de amido de milho e óleo de tomilho — Foto: Patrícia Cardoso/Unicamp
O óleo de tomilho é um agente larvicida letal para o transmissor de doenças como dengue, zika e chikungunya.
Através da combinação dos dois compostos, foi criada uma partícula com liberação controlada de larvicida para pequenos volumes hídricos, como vasos de planta, pneus, garrafas e entulhos que podem servir de criadouro para o Aedes aegypti.
"Conseguimos obter uma partícula que se comporta exatamente como os ovos do mosquito. Enquanto o ambiente está seco, ela se mantém inerte e conserva o agente ativo protegido. A partir do momento em que entra em contato com a água, começa a inchar para permitir a liberação do larvicida", explica a professora Ana Silvia Prata, coordenadora do estudo.
Após três dias, segundo ela, no período em que os ovos eclodem e tem início a fase larval, a partícula passa a liberar quantidades letais do princípio ativo na água.
Amido de milho garante estratégia
A base partícula de amido de milho tem a função de envolver o óleo de tomilho, que é liberado lentamente quando entra em contato com a água.
"Enquanto a água estiver com a concentração do óleo, ele não será liberado. Secou e molhou de novo, aí que vai liberar mais óleo", explicou a professora.
Larvas do Aedes aegypti em laboratório de Campinas (SP). Mosquito é transmissor da dengue, chikungunya e zika — Foto: Paulo Whitaker/Reuters
Para chegar até estes produtos, o grupo testou outros ingredientes igualmente sustentáveis, como o extrato de jambu. A vantagem dos elementos escolhidos para os descartados foi o custo, cerca de 15 vezes menor.
A partícula de combate ao mosquito transmissor da dengue é capaz de eliminar as larvas do mosquito mais de uma vez em contato com a água.
"A gente projetou a partícula para ela ser seca e durar, ficar estocada. Não fizemos teste sistemático, mas, mesmo depois de um ano de produção, elas funcionaram", disse Ana Silvia.
“A gente acredita que, sem molhar, a partícula pode ter uma vida de prateleira bem alta. Em relação à aplicação, temos uma ideia de que ela possa durar mais que cinco ciclos de chuva”, contou a coordenadora do estudo.
Partícula não é tóxica
A professora da FEA explicou que a concentração do óleo essencial de tomilho na partícula é muito baixa e, por isso, não afetaria a saúde de animais e seres humanos.
"A taxa é muito inferior ao limite de toxicidade para um animal ou uma criança que venha a ingerir acidentalmente".
Campinas (SP) registra junho com maior número de casos de dengue em 21 anos — Foto: EPTV
Sustentável e barato
Ana Silvia explicou que a partícula desenvolvida pela FEA é barata e poderia ser produzida em grande escala para distribuição à população. Segundo ela, esta seria uma medida complementar às campanhas que já têm sido feitas no país.
"A partícula teria o preço de R$ 30 o quilo, sendo R$ 15 a matéria-prima e R$ 15 o custo de produção", apontou a professora.
Apesar de ser feita de produtos presentes na cozinha, a partícula não pode ser confeccionada em casa. Segundo a professora, o formato e as características não seriam alcançados sem auxílio de métodos feitos em laboratório.
"O óleo essencial de tomilho é um material altamente disponível, vendido comercialmente e representa apenas 5% da composição da partícula. Os outros 95% são amido de milho, que é muito barato", pontuou a professora.
Fonte: G1
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