O Ministério Público de nove estados realiza nesta quinta-feira (15) operações contra integrantes de organizações criminosas, como o tráfico, e contra policiais suspeitos de ligação com o crime.
Na última atualização, 90 pessoas haviam sido presas.
Nove policiais militares do 9º BPM (Rocha Miranda), Zona Norte do Rio, foram denunciados. Eles são acusados de vender armas, drogas e de receber propina de traficantes. A Auditoria da Justiça Militar os afastou de suas funções, mas eles não foram presos.
As investigações dos Grupos de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaecos) resultaram em um total de 300 mandados, entre prisões e buscas, nos nove estados.
O que diz o MP
A acusação foi detalhada em entrevista coletiva do Ministério Público. A maioria dos denunciados compunha o Estado-Maior, ou seja, estavam logo abaixo do comando da unidade.
O promotor de Justiça Lúcio Pereira disse que não é possível determinar a mesada recebida pelos policiais, mas citou valores semanais entre R$ 2 mil, R$ 5 mil e até R$ 20 mil, dependendo da importância do cargo.
"Havia um (valor de propina) fixo e um eventual: 'Estou com um fulano preso e três fuzis, vamos conversar?' É difícil precisar o valor na negociação", exemplificou o investigador.
O esquema foi descoberto através da interceptação telefônica de um PM que ainda não era do 9º BPM. Ele se aproximou do líder do tráfico na Serrinha, Zona Norte da cidade, e começou a negociata.
"A facção que domina a Serrinha tem por prática a corrupção de agentes públicos em todos os lugares onde atua. Esse policial contatou policiais do 9º BPM fazendo a intermediação entre a liderança do complexo da Serrinha e negociou a propina", explica o promotor Lúcio Pereira.
"Além de fazer a intermediação da propina entre o traficante e o policial também obtinha informação de apreensões outras e de armas e oferecia aos traficantes: caixas de munição, fuzis, bolas de pó (grandes cargas de cocaína) que vendia para a facção criminosa. Em algumas negociações, o próprio traficante falava que é muito caro".
Segundo o MP, os principais envolvidos são os policiais Flávio Fagundes Padiglione, a tenente Adriana da Silva Góes Vista e o major Rodrigo Lavandeira Pereira. Os demais nomes dos policiais denunciados não foram divulgados porque, segundo o MP, o processo está em sigilo. Todos eles foram denunciados por associação criminosa e corrupção passiva.
MP cumpre mandado na casa de chefe de facção que atua no Amazonas — Foto: Divulgação/MP-AM
MP cumpre mandados de prisão em Manaus durante operação nesta quinta-feira (15) — Foto: Eliana Nascimento/G1 AM
Operação
A ação é articulada pelo Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas (GNCOC), um colegiado que reúne os Grupos de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaecos) do Ministério Público.
As operações acontecem de forma simultânea nos estados do Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Mato Grosso do Sul, Pernambuco e Rio de Janeiro.
PRF apoia a operação na Bahia — Foto: Divulgação
A ação no RJ
No Rio de Janeiro, a operação tem apoio da Polícia Federal e da Corregedoria da Polícia Militar.
São três operações em andamento, com cinco prisões.
SERTÃO CARIOCA
Nessa ação, foram cumpridos 41 mandados de busca e apreensão.
Nove policiais foram denunciados após investigações feitas por meio de interceptações telefônicas. A força-tarefa afirma que eles recebiam propina para fazer "vista grossa" ao tráfico de drogas e avisar aos criminosos sobre operações policiais.
Segundo o MP, os principais envolvidos são os policiais Flávio Fagundes Padiglione, a tenente Adriana da Silva Góes Vista e o major Rodrigo Lavandeira Pereira.
Os nove PMs foram denunciados por associação criminosa e corrupção passiva. A Auditoria Militar recebeu a denúncia e os afastou das atividades.
Sete traficantes também são alvo da operação pelo comércio de drogas na Serrinha, Fazendinha, São José da Pedra e Patotinha, além de homicídios.
Os principais denunciados, ainda segundo os procuradores, são Wallace de Britto Trindade, o Lacoste, e Leonardo da Costa, o Leo 22.
SMURFING
Seis acusados de lavagem de dinheiro de drogas também são alvos da operação desta quinta. Eles seriam laranjas de integrantes do Comando Vermelho.
No total, foram 3.357 depósitos em dinheiro nas contas pessoais deles em um ano e seis meses.
Em quase dois anos, foi movimentado pouco mais de R$ 1 milhão e a ocultação se dava em benefício de toda a organização criminosa, e não em benefício de pessoa específica.
Tentativa de prisão contra suspeitos de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas, com denunciados que atuavam como “laranjas” para ocultar o dinheiro ilícito do tráfico de integrantes do Comando Vermelho.
A terceira operação mira traficantes do Complexo de Madureira e procura sete suspeitos.
Arma e munição apreendidas na Serrinha, na Zona Norte do Rio — Foto: Divulgação
A ação em outros estados
Acre: A previsão é de uma revista na Penitenciária Francisco de Oliveira Conde, em Rio Branco. O foco está em pavilhões dominados pelo PCC e pela facção local Bonde dos 13, aliada ao Primeiro Comando da Capital.
A ação busca a apreensão de ilícitos e informações sobre a quadrilha, além da identificação de pessoas que exercem posição de chefia nessas organizações.
Paralelamente, foram denunciadas à Justiça 69 pessoas presas na Operação Hemólise, realizada no dia 24 de julho, na Capital e em outros quatro municípios. Os denunciados são integrantes da maior facção do tráfico no Rio de Janeiro.
Acre: O foco da operação são pavilhões dominados pela organização criminosa PCC e a facção local Bonde dos 13. A ação quer apreender ilícitos e encontrar informações. Além disso, quer identificar pessoas que exercem posição de chefia nas organizações.
Alagoas: A operação cumpre 37 mandados de busca e apreensão e 42 de prisão contra integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC).
Expedidos pela 17ª Vara Criminal da Capital, todos os mandados estão sendo cumpridos em municípios do litoral norte do estado. Os pedidos se baseiam em três Procedimentos de Investigação Criminal do Gaeco local e um inquérito da Delegacia de Narcóticos.
Amapá: São mandados em Macapá, Santana e Porto Grande. A operação, que também tem foco no combate ao tráfico de drogas, é contra a organização criminosa “Família Terror do Amapá”.
Amazonas: Estão sendo cumpridos três mandados de prisão e sete mandados de busca e apreensão.
Dentre os alvos da medida, encontram-se chefes da organização criminosa Família do Norte, considerada a terceira maior facção do Brasil.
Bahia: Estão sendo cumpridos 19 mandados de prisão e 25 de busca e apreensão. A operação acontece nos municípios de Senhor do Bonfim, Jacobina, Juazeiro, Capim Grosso, Serrolândia e Lauro de Freitas.
Entre os alvos, estão integrantes de organização criminosa ligada ao PCC que atua com tráfico de drogas e é responsável por diversos homicídios no estado. Onze promotores de Justiça, 74 policiais militares e 99 policiais rodoviários federais participam da ação.
Ceará: As operações Jericó e Al Qaeda cumprem 35 mandados de prisão e 29 mandados de busca e apreensão contra integrantes do PCC.
Agentes estão em endereços nas cidades de Fortaleza, Independência, Sobral, Juazeiro do Norte, Groaíras, Aquiraz, Maracanaú e Pacatuba.
Mato Grosso do Sul: 15 mandados de prisão estão sendo cumpridos contra integrantes do PCC com atuação no estado.
Pernambuco: Um mandado de prisão e busca e apreensão, em apoio a operação que combate a lavagem de dinheiro no Rio de Janeiro. O mandado está sendo cumprido na cidade de Petrolina.
Fonte: G1
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