domingo, agosto 18, 2019

Maior simulado para emergência em barragens em MG termina com reclamações de moradores

A Vale realizou na tarde deste sábado (17), com acompanhamento da Defesa Civil, um simulado de emergência em caso de um possível rompimento de barragem na cidade de Itabira, Região Central de Minas Gerais. O simulado de emergência durou uma hora e acionou sirenes ao mesmo tempo em 27 bairros. Segundo a mineradora, 7.770 pessoas participaram da ação.

Moradores de Itabira participaram neste sábado (17) do maior simulado de emergências de barragens — Foto: Ricardo Soares/TV Globo
Moradores de Itabira participaram neste sábado (17) do maior simulado de emergências de barragens — Foto: Ricardo Soares/TV Globo

O simulado começou às 15h e se encerrou às 16h, quando um carro de som passou pelas ruas anunciando o término da operação. Segundo a Defesa Civil, o simulado foi feito "de forma preventiva" e não há risco para a cidade. Já a Vale, em nota, informou que o simulado mediu o nível sonoro das sirenes em 49 locais diferentes. O cruzamento dos dados vai permitir ajustes de direcionamento dos alto-falantes e potência das sirenes, segundo a empresa.

Alguns moradores reclamaram que o som da sirene é baixo. Para o coordenador da Defesa Civil Estadual, Tenente Coronel Flavio Godinho, um som baixo é “inadmissível, por se tratar de área de autossalvamento. Se ninguém ouvir não dá tempo de fugir”, disse.

Godinho enfatizou que o simulado é para corrigir as possíveis falhas que possam ter ocorrido. "Agora, todos os erros sendo apontados vão ser repassados para a Vale, para que adote medidas, para que se instale sirenes mais próximo do local onde a pessoa alega que não ouviu", completou.

O simulado foi realizado para as pessoas que vivem em zonas de autossalvamento de seis estruturas da Vale - Itabiruçu, Conceição, Rio de Peixe, Sistema Pontal, Cambucal l e Cambucal ll.

Moradores de 27 bairros participaram do simulado — Foto: Reprodução/TV Globo
Moradores de 27 bairros participaram do simulado — Foto: Reprodução/TV Globo

Moradores que vivem nas chamadas zonas de segurança secundária urbana de Itabiruçu e Conceição também participaram, além de empregados da mina Conceição, que estavam trabalhando no horário do simulado.

Itabira terá maior simulado de rompimento de barragens já realizado no Brasil neste sábado (17) — Foto: Reprodução/Defesa Civil
Itabira terá maior simulado de rompimento de barragens já realizado no Brasil neste sábado (17) — Foto: Reprodução/Defesa Civil

Mais de 60 trechos de ruas e avenidas da cidade foram interditados temporariamente para a montagem de tendas, cadeiras e banheiros químicos em 96 pontos da cidade.

A medida faz parte do Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM) e do Plano de Contingência e Evacuação de Itabira. O objetivo é orientar a população e empregados sobre como proceder em caso de rompimento. Cerca de quatro mil pessoas conduziram o trabalho.

Para o coordenador da Defesa Civil Estadual, Tenente Coronel Flávio Godinho, não há risco de rompimento de barragem na cidade.

"Todas permanecem dentro de parâmetros de segurança. Então, não teve nenhuma alteração de nível de emergência. Planejamos um simulado de forma preventiva, de forma que as pessoas dessa cidade tomem conhecimento de seus pontos de encontro das suas rotas de fuga e que possam ser informadas do melhor local para deslocar, caso realmente aconteça um rompimento de barragem", disse.

Placas indicam rota de fuga em caso de rompimento de barragem, em Itabira — Foto: Reprodução/TV Globo
Placas indicam rota de fuga em caso de rompimento de barragem, em Itabira — Foto: Reprodução/TV Globo

Sistema Pontal
Em março, uma liminar mandou a Vale suspender o lançamento de rejeitos em dois diques do Sistema Pontal, na Mina do Cauê. De acordo com a mineradora, a determinação de paralisação das atividades foi atendida imediatamente.

Ainda segundo a empresa, a decisão da comarca de Itabira foi baseada em uma notificação recebida pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), com informações sobre os diques Minervino e Cordão Nova Vista.


Segundo a decisão, a empresa alemã TÜV SÜD informou que as barragens foram sinalizadas preliminarmente "como fonte particular de preocupação". O MPMG ainda argumentou que a notificação "recomendou que qualquer atividade de construção nessas barragens e qualquer vibração devem ser evitadas, pois podem gerar falhas".

De acordo com a Vale, o Sistema Pontal não obteve declaração de estabilidade em março deste ano, "em razão da necessidade de obras de reforço no Dique 2". Por causa disso, a empresa acionou em 1° de abril o nível 1 do Plano de Ação de Emergência de Barragem de Mineração (PAEBM).

A mineradora disse que a medida "não prevê acionamento de sirene de alerta, nem evacuação de pessoas e animais da Zona de Autossalvamento (ZAS). O nível 1 significa estado de prontidão, indicando uma situação adversa na estrutura ainda controlável pela empresa".

A mineradora informou ainda que está "realizando atividades de investigação geotécnica no Dique 2 do Sistema Pontal para subsidiar estudos de reforço nesta estrutura, conforme orientações dos auditores externos". A Vale também estabeleceu inspeções diárias e monitoramento 24 horas do Sistema Pontal.

Complexo Conceição e Mina do Meio
Em abril, a Justiça determinou que a Vale comprovasse regularidade e a segurança das barragens nos complexos Conceição e Mina do Meio em Itabira, na Região Central de Minas Gerais.

A decisão incluía as barragens Conceição, Itabiruçu e Rio do Peixe, no complexo Conceição; e Cambucal I e II e Três Fontes, no Complexo Mina do Meio. O pedido foi feito pelo Ministério Público.

A Justiça também havia determinado que a Vale elaborasse um plano de ação que garantisse a estabilidade e a segurança nos dois complexos; adotasse as providências recomendadas pelos órgãos fiscalizadores; produzisse um plano de segurança de barragens dos empreendimentos, mapeando as pessoas na zona de autossalvamento.

Há quatro ações civis públicas visando estabilidade em barragens de Itabira, ajuizadas pelo Ministério Público, que correm em segredo de Justiça.


Itabiruçu
No dia 28 de julho, as obras de alteamento da barragem Itabiruçu foram paralisadas. De acordo com a mineradora, houve identificação de alteração decorrente de assentamentos do terreno. Por isso, o projetista do empreendimento, em medida de segurança preventiva, recomendou a paralisação. A empresa disse que a barragem está segura e que não há qualquer risco de rompimento.

A mineradora afirmou, ainda, que a barragem de Itabiruçu é construída pelo método a jusante, tido como mais seguro. Em Mariana e em Brumadinho, as barragens que se romperam eram do método chamado de alteamento a montante, que permite que o dique inicial seja ampliado para cima quando a barragem fica cheia.

A Declaração de Condição de Estabilidade (DCE) foi renovada em 30 de março, segundo a mineradora e a Defesa Civil.

Fonte: G1

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