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quinta-feira, agosto 01, 2019

Detentos envolvidos no massacre em Altamira foram mortos estrangulados durante transferência, diz secretário

O titular da Secretaria de Segurança Pública do Pará (Segup), Uálame Machado, informou que laudo pericial comprova que estrangulamento foi a causa da morte dos quatro detentos que estavam sendo transferidos a Belém, após envolvimento no massacre dentro do presídio de Altamira, no sudoeste do PA.

As mortes foram entre entre os municípios de Novo Repartimento e Marabá, entre as 19h terça-feira (30) e 1h desta quarta (31). Os corpos estavam no caminhão que fazia a transferência de 30 presos para Belém nesta quarta-feira (31). Com isso, o número de mortos no confronto chega a 62.

Segundo Machado, a viagem ocorreu normalmente até o município de Novo Repartimento, quando o sinal das câmeras de monitoramento do baú do caminhão começou a falhar. Os detentos, de acordo com o secretário, estavam separados em quatro celas dentro do veículo que são monitoradas por câmeras de vídeo.

"É um modelo de caminhão utilizado nacionalmente, organizado para transporte de detentos, que vieram algemados. Em Marabá, foi averiguada a situação de três mortos e um, que ainda tentou-se salvar, mas morreu. Na verdade, um grupo de presos se livrou de algemas de plástico e usou o material para asfixiar as vítimas", disse.

Peritos do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves de Marabá e de Belém foram acionados para verificar as condições do veículo, segundo Machado. O laudo apontou, de acordo com o secretário, que o sistema de ventilação estava funcionando e que "não há dúvida de que as mortes tenham sido causadas pela qualidade do transporte".


Segundo Machado, há suspeitas de que teria ocorrido um desentendimento durante a viagem e um inquérito policial investiga o caso. "Todos eles (os detentos) conviveram por meses, alguns até na mesma cela, todos do mesmo grupo criminoso - a organização que teria coordenado a ação no presídio".

Os mortos foram identificados como:

Dhenison de Souza Ferreira
José Ítalo Meireles Oliveira
Valdenildo Moreira Mendes
Werik de Sousa Lima

Investigações

De acordo com a Segup, os mortos são da mesma facção (Comando Classe A) e ocupavam a mesma cela no Centro de Recuperação Regional de Altamira. Foi essa facção que atacou integrantes do Comando Vermelho, facção rival. Os outros 26 presos que estavam no veículo e que seriam levados para a capital foram colocados em isolamento e serão ouvidos pela polícia.

O caminhão tem quatro celas e a capacidade para até 40 presos –no momento dos crimes, 30 eram transportados. O Estado informou que não possui caminhão com celas individuais.

De acordo com a Segup, 21 presos já estão em Belém. Todos chegaram na terça-feira (30). Dezesseis são líderes de facções e dez deles irão, posteriormente, para o regime federal, os demais serão redistribuídos nas penitenciárias estaduais.

O governo do Estado confirmou a chegada de 40 agentes da Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária (FTIP) em Belém na tarde desta quarta, para atuarem em atividades de guarda, vigilância e custódia de presos.


MP acompanha o caso
O Ministério Público do Pará (MPPA) divulgou uma nota informando que está acompanhando as investigações sobre a rebelião e que instaurou um inquérito civil para apurar as mortes ocorridas no presídio.

A nota disse ainda que o MP passou a acompanhar as investigações sobre a morte dos quatro detentos durante a transferência. "O MP reforça ainda que acompanha de perto todos os desdobramentos e investigações necessários ao esclarecimento dos fatos e responsabilização criminal, cível e administrativa conforme apurado", disse.

Massacre no presídio

Presos de Altamira são mortos dentro de caminhão durante transferência para Belém — Foto: Adriano Baracho / TV Liberal
Presos de Altamira são mortos dentro de caminhão durante transferência para Belém — Foto: Adriano Baracho / TV Liberal

Um confronto entre facções criminosas dentro do presídio de Altamira causou a morte de 58 detentos. Na segunda-feira (29), líderes do Comando Classe A (CCA) incendiaram cela onde estavam internos do Comando Vermelho (CV). De acordo com a Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará (Susipe), 41 morreram asfixiados e 16 foram decapitados. Na terça, mais um corpo foi encontrado carbonizado nos escombros do prédio.

Após as mortes, o governo do estado determinou a transferência imediata de dez presos para o regime federal. Outros 36 seriam redistribuídos pelos presídios paraenses.

Um relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) considera o presídio de Altamira como superlotado e em péssimas condições. No dia do massacre, havia 311 custodiados, mas a capacidade máxima é de 200 internos. Segundo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Pará, dos 311 presos, 145 ainda aguardavam julgamento.

Massacre no presídio de Altamira — Foto: Arte/G1
Massacre no presídio de Altamira — Foto: Arte/G1

Fonte: G1

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