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terça-feira, agosto 20, 2019

Campos Neto nomeia servidor do Banco Central como presidente do novo Coaf

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, nomeou nesta terça-feira (20) Ricardo Liáo para a presidência da Unidade de Inteligência Financeira (UIF), o novo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

O economista e servidor do Banco Central, Ricardo Liáo, durante audiência na Câmara dos Deputados — Foto: Antonio Araújo/Câmara dos Deputados
O economista e servidor do Banco Central, Ricardo Liáo, durante audiência na Câmara dos Deputados — Foto: Antonio Araújo/Câmara dos Deputados

Liáo é servidor aposentado do Banco Central e deixa o cargo de diretor de Supervisão do Coaf para assumir a UIF. Entre 1998 e 2013, foi conselheiro do BC no Coaf. Entre 2013 e janeiro deste ano, foi secretário-executivo do conselho, e, desde então, diretor de Supervisão do órgão.

Na mesma portaria em que foi oficializada a nomeação de Liáo, Campos Neto confirmou a dispensa de Roberto Leonel, presidente do Coaf e servidor da Receita Federal.

Leonel foi nomeado presidente do Coaf pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.

Medida provisória publicada nesta terça-feira no "Diário Oficial da União", além de transferir o órgão de controle da Economia para o Banco Central, mudou o nome da organização.

O Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf, passa a se chamar Unidade de Inteligência Financeira (UIF).

A medida foi assinada pelo presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e por Campos Neto. O texto publicado revoga obrigação de que o conselho de combate à lavagem de dinheiro seja composto só por servidores públicos.

Na semana passada, porém, Bolsonaro informou que iria transferir o Coaf para o Banco Central para tirar o órgão do "jogo político".

Quando assumiu o mandato, em janeiro, Bolsonaro transferiu o Coaf do extinto Ministério da Fazenda para o Ministério da Justiça. Porém, ao analisar a MP que reestruturou o governo, em maio, o Congresso desfez a mudança, levando o Coaf para o Ministério da Economia.

Nesta terça-feira, Moro comentou as mudanças e disse que foram feitas "pequenas mudanças" no Coaf, mas que, "no fundo", a estrutura do órgão segue a mesma.

O ministro disse não ter receios de que o Coaf siga realizando o trabalho de prevenção e inteligência, "com independência, autonomia, embora agora vinculado ao Banco Central".

"Preferia que o Coaf, como disse, estivesse aqui [no Ministério da Justiça]. Não estando aqui, no entanto, tenho certeza que está em boas mãos junto ao atual presidente do Banco Central, o senhor Roberto Campos", disse Moro.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta terça que a mudança no órgão de controle dará a "independência necessária da política" ao novo Coaf.

A polêmica
De acordo com o colunista do G1 e da GloboNews Valdo Cruz, aliados de Bolsonaro vinham pressionando o presidente a demitir o chefe do Coaf, Roberto Leonel.

Isso porque Leonel, indicado para o cargo pelo ministro da Justiça, Sergio Moro, criticou uma decisão do ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em julho, Toffoli suspendeu investigações baseadas em dados compartilhados pelo Coaf sem autorização judicial. A decisão foi tomada atendendo a um pedido dos advogados do senador Flavio Bolsonaro (PSL-RJ), um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro.

Segundo o Coaf, foram encontradas movimentações financeiras atípicas de Fabrício Queiroz, motorista de Flavio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro quando o senador era deputado estadual.

Conforme o órgão, Queiroz movimentou de maneira atípica R$ 1,2 milhão entre 2016 e 2017.

Fonte: G1

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