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quarta-feira, julho 03, 2019

Supervisor de empresa de impermeabilização diz à polícia que funcionários não sabiam que produto usado era explosivo

O supervisor da empresa contratada para realizar o serviço de impermeabilização do sofá no apartamento onde aconteceu uma explosão neste sábado (28), em Curitiba, afirmou à polícia que os funcionários não tinham treinamento e não sabiam que o produto usado poderia causar uma explosão.

Policiais fazem perícia no apartamento onde explosão deixou uma criança morte e três pessoas feridas — Foto: Anderson Grossl/RPC
Policiais fazem perícia no apartamento onde explosão deixou uma criança morte e três pessoas feridas — Foto: Anderson Grossl/RPC

"Não sabia que o produto era inflamável, não sabia que o produto era explosivo. Não tinha essa norma de segurança que você não pode acender um cigarro, não pode acender um fogão ou ligar uma televisão. Não tinha esse conhecimento" disse o advogado do supervisor, Mauricio Zampieri.

A polícia realizou uma perícia para identificar as causas da explosão, que deve ficar pronta em até 30 dias. A principal suspeita do Corpo de Bombeiros é que produtos inflamáveis usados na impermeabilização do sofá do apartamento tenha causado a explosão.

Uma criança de 11 anos morreu e outras três pessoas ficaram feridas com a explosão.

Everton Gesse Skau prestou depoimento à polícia nesta terça-feira (3) e, de acordo com o advogado, falou que se sentia inseguro porque os técnicos não sabiam dos riscos da atividade.

"Sem nenhum conhecimento técnico, nem nome do produto químico, só sabia que o cheiro era forte e a norma passada do proprietário era que era para abrir os vidros do apartamento, dos imóveis, por causa do cheiro forte", afirmou Zampieri.

Zampieri afirmou que o supervisor da empresa cobrou os proprietários sobre o uso de equipamentos ou normas de segurança. "Só que a intenção da empresa, como ele disse pro delegado, era expandir financeiramente para depois pensar na parte técnica e de segurança", afirmou.

De acordo com o advogado, o supervisor estava na empresa há 11 dias e não tinha experiência na área.

A RPC também falou com exclusividade com um ex-funcionário da empresa, que preferiu não se identificar. Ele confirmou que os técnicos não eram informados sobre os perigos da atividade.

"Nem era informado se você usava ou não produto inflamável", afirmou o ex-funcionário.

De acordo com a Polícia Civil, a empresa não tinha a autorização para manipular produtos inflamáveis.

Proprietários foram ouvidos
O casal de sócios da Impeseg também foi ouvido pelo delegado que investiga o caso. O delegado que cuida do caso, Adriano Chohfi, afirmou que o casal disse em depoimento que os técnicos usavam equipamentos de proteção.

De acordo com o advogado Roberto Brzezinski, os dois proprietários da empresa afirmaram que todas as precauções necessárias eram tomadas pela empresa.

Segundo o advogado, o sócio da empresa já fez "ele mesmo este tipo de trabalho diversas vezes". Ele afirmou que a explosão foi uma "fatalidade".

Explosão
O técnico Caio Santos realizava o serviço de impermeabilização no sofá do apartamento de Raquel Lamb e Gabriel Araújo quando aconteceu a explosão na manhã de sábado (28).

Mateus Lamb, irmão de Raquel, estava dormindo no quarto no momento da explosão e foi arremessado para fora do apartamento. O garoto morreu no hospital.

Caio e Raquel estão internados na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Universitário Evangélico Mackenzie em estado grave. O técnico está com 65% do corpo queimado e a moradora tem 55% do corpo com ferimentos.


Gabriel Araújo, marido de Raquel, está em estado estável, com 30% do corpo queimado.

De acordo com o delegado da Delegacia de Explosivos, Armas e Munições (Deam), Adriano Chohfi, a investigação ainda vai dizer se o produto usado no serviço causou a explosão e se alguma norma de segurança foi desrespeitada.

"Segundo o proprietário, ele disse que o treinamento foi dado por ele pro Caio, que o protocolo seria falar que era um produto inflamável, que tinha que abrir as janelas e as portas, e que pessoa deveria ficar ao lado do impermeabilizador, o que não ocorreu, já que umas das vítimas estava ao lado do técnico", afirmou.

De acordo com o delegado, a empresa usava uma mistura de produtos químicos altamente inflamável no processo de impermeabilização.

Fonte: G1

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