Mais pessoas morreram assassinadas do que em conflitos armados em 2017, constatou a ONU em em um relatório divulgado nesta segunda-feira (8).
A foto, de 3 de julho, mostra migrantes feridos depois no hospital central de Trípoli, na Líbia, depois que um ataque aéreo atingiu um centro de detenção na cidade de Tajoura. Segundo a ONU, homicídios mataram mais do que conflitos armados em 2017. — Foto: Ismail Zitouny/Reuters
Segundo o Escritório para as Drogas e o Crime Organizado das Nações Unidas (Unodc, na sigla em inglês), 463.821 pessoas morreram por causa de homicídios naquele ano, comparado a 89 mil mortes causadas por conflitos armados. O terrorismo causou 26 mil vítimas fatais.
"O Estudo Global sobre Homicídio busca esclarecer assassinatos relacionados a gênero, violência de gangues e outros desafios, para apoiar a prevenção e as intervenções para reduzir as taxas de homicídio", afirmou, em comunicado, o diretor-executivo do Unodc, Yury Fedotov.
O crime organizado foi responsável por 19% de todos os homicídios em 2017. Desde o início do século 21, diz a organização, o crime organizado matou aproximadamente a mesma quantidade de pessoas que todos os conflitos armados combinados ao redor do mundo.
Apesar da queda na taxa de homicídios pelo mundo, de 7,2 para 6,1 a cada 100 mil habitantes, houve um aumento no número de assassinatos em todo o mundo: de 395.542 para a 463.821. As comparações foram feitas entre os anos de 1992 e 2017. A maioria das vítimas de assassinato são homens, que também são mais de 90% dos suspeitos de homicídio.
A maior parte dos homicídios ocorreu no continente americano (173 mil), seguido pela África (163 mil) e Ásia (104 mil).
Brasil
O Brasil aparece, entre os países americanos, com a segunda maior taxa de homicídios em 2017 - 30,5 para cada 100 mil habitantes, segundo o relatório. O índice fica atrás apenas da Venezuela, que registrou uma taxa de 56,8 para cada 100 mil pessoas. A taxa brasileira é cinco vezes maior que a média global.
Em números absolutos, pontua o relatório, a Nigéria e o Brasil, que juntos compõem cerca de 5% da população mundial, foram responsáveis por 28% dos homicídios em todo o mundo.
O relatório aponta ainda que, entre 1991 e 2017, cerca de 1,2 milhão de pessoas foram assassinadas no país - número equivalente à população de Campinas, no interior de São Paulo.
O Brasil, diz a ONU, é o lugar em que mais se mata no mundo: 1 em cada 7 homicídios acontecem em solo brasileiro. A organização considerou números de 2015 - ano em que, segundo o relatório, 58 mil pessoas foram assassinadas no país. A quantidade é comparável às mortes causadas por conflitos que ocorreram em todo o mundo naquele ano: 66,4 mil.
Em 2017, segundo levantamento do Monitor da Violência feito pelo G1, 59.103 pessoas foram assassinadas no país.
Mulheres
Uma mulher é vista ao lado de um mural enquanto partidos de oposição marcham pela remoção do presidente Jacob Zuma em Joanesburgo, na África do Sul — Foto: Mike Hutchings/Reuters
Conforme relatório divulgado no final do ano passado, 87 mil mulheres foram assassinadas em 2017, uma média de 238 por dia e 10 por hora. A maior parte delas morreu pelas mãos de parceiros íntimos ou de outro membro da família: 50 mil, o que equivale a 58%. A casa, diz o estudo, permanece sendo o lugar mais perigoso para as mulheres.
Segundo o relatório, homens que matam suas parceiras íntimas têm um perfil marcadamente diferente dos que cometem homicídio fora de um relacionamento: eles tendem a ter empregos e um padrão de vida melhores do que os outros, e muitas vezes não têm antecedentes criminais. A constatação foi feita em vários estudos de países europeus.
Na distribuição por continente, a Ásia foi o lugar onde mais mulheres morreram nas mãos de parceiros íntimos ou de membros da família: 20 mil. Em seguida veio a África, com 19 mil mulheres assassinadas. Por ser um continente muito menor que a Ásia, entretanto, a África foi considerada o lugar onde as mulheres tinham o maior risco de serem mortas por alguém próximo.
No final de junho, a ONU divulgou um relatório no qual recomenda 8 medidas para diminuir a desigualdade de gênero dentro das famílias.
Crianças e jovens
Criança posa para foto perto de um campo de refugiados em Teknaf, Bangladesh. Ele cruzou a fronteira com uma vizinha e a prima de 6 anos, cuja mãe está desaparecida. A polícia local diz que dezenas de migrantes foram presos e serão devolvidos para Mianmar — Foto: Munir Uz Zaman/AFP
A ONU estima que 21.540 crianças entre 0 e 14 anos e outros 182.887 jovens adultos, com idades entre 15 e 29 anos, foram assassinados em 2017. Desses, a maioria eram meninos e homens: 58% e 87%, respectivamente.
Entre 2008 e 2017, 205.153 crianças com idades entre 0 e 14 anos e 1,7 milhão de adolescentes e jovens adultos entre 15 e 29 anos foram assassinados.
Fonte: g1
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