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terça-feira, junho 25, 2019

Trabalhadores afirmam em CPI que Vale fez detonações em mina no dia do rompimento da barragem em Brumadinho

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da barragem da Vale, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, ouviu, nesta segunda-feira (24), duas testemunhas que falaram sobre a detonação de explosivos na Mina do Córrego do Feijão no mesmo dia do rompimento da barragem, em 25 de janeiro.

O depoimento dos dois foi divergente em relação aos horários desta detonação. Um dos depoentes, Eiichi Osawa, mecânico que prestava serviço pra Vale, disse que a detonação teria ocorrido a aproximadamente um quilômetro da barragem por volta das 12h20 e das 12h40. Ele disse que estava de frente para o local e que viu a detonação.

Já a segunda testemunha, Edmar de Resende que é funcionário da Vale responsável pela detonação, disse que ela só aconteceu uma hora depois do rompimento da barragem às 13h33. Ele apresentou um vídeo da detonação (veja no início da reportagem), afirmou ser o autor da gravação, e tentou comprovar o horário da explosão. Disse ter sido ele próprio que decidiu executar a detonação, porque era perigoso deixar os explosivos no local.

Alguns deputados lembraram que nos laudos atestados pela Tuv Sud, empresa que emitiu o parecer de estabilidade da barragem, havia a recomendação para não fazer nenhuma detonação na área da cava. Recomendação essa que o funcionário disse não ter sido informado.


“Há constatação de equívocos e omissões cometidas pela Vale. O relatório da auditoria externa recomendava evitar trânsito pesado e detonações na mina próximo a barragem B1. Aqui hoje fica comprovado que essas detonações ocorreram durante todo o ano de 2018, quando foi feita esta recomendação, bem como nos dias que antecederam o rompimento da barragem”, afirmou o relator da CPI, deputado André Quintão (PT).

Rompimento de barragem da Vale matou 246 pessoas e 24 estão desaparecidas — Foto: ALEX DE JESUS/O TEMPO/ESTADÃO CONTEÚDO
Rompimento de barragem da Vale matou 246 pessoas e 24 estão desaparecidas — Foto: ALEX DE JESUS/O TEMPO/ESTADÃO CONTEÚDO

A Vale informou que as detonações são comuns e inerentes às atividades de mineração. E que no relatório Tuv Sud não existe a recomendação expressa de paralisação das operações das minas.

O funcionário da empresa Tuv Sud Denis Valentin esperado também nesta segunda-feira na CPI conseguiu um habeas corpus e não compareceu à Assembleia.

A Barragem B1 da Mina Córrego do Feijão da Vale se rompeu no dia 25 de janeiro de 2019 provocando um tsunami de rejeitos de minério que matou até o momento 246 pessoas, a maioria trabalhadores da Vale e terceirizados. Vinte e quatro seguem desaparecidos. O rompimento da Vale ainda destruiu bairros de Brumadinho e atingiu o Rio Paraopeba, um dos principais mananciais de abastecimento de água da capital mineira e da Região Metropolitana.

Fonte: G1

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