A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mandou retirar do mercado cerca de 200 lotes contaminados de remédios para a hipertensão. E alertou que quem usa os medicamentos para controlar a pressão deve continuar tomando os remédios.
Como muito remédio por aí, esses têm nomes difíceis: Losartana, Valsartana. Já explicar porque eles são importantes é simples. "Não posso ficar sem remédio. A minha pressão às vezes sobe muito", diz uma hipertensa.
Esses são remédios que muita gente toma para controlar a pressão arterial. Mas a Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, afirma que perto de 200 lotes desses remédios contêm impurezas que podem aumentar o risco de ter câncer.
Em todos esses lotes, o princípio ativo - o ingrediente principal do remédio - foi produzido ou na China ou na Índia. E diferentes indústrias farmacêuticas compraram esses princípios ativos para fabricar os remédios.
A Anvisa determinou o recolhimento desses lotes aqui no Brasil. Inspecionou 111 medicamentos e vistoriou 29 empresas, entre indústrias, importadoras e distribuidoras.
A agência diz que os princípios ativos importados são testados no Brasil, mas que esse tipo de impureza é um problema novo. “Até julho de 2018, nenhuma autoridade sanitária mundial e nenhuma empresa fabricante dessa classe de compostos imaginava ser possível a presença destas substâncias nessa classe de insumos farmacêuticos ativos. A partir do momento em que se verificou essa possibilidade, todas as especificações estão sendo revistas e a necessidade desse controle está sendo efetuada no momento”, explica Ronaldo Gomes, gerente-geral de Inspeção e Fiscalização Sanitária da Anvisa.
A presença dessas impurezas foi descoberta na Europa, em 2018. As farmácias já estão recolhendo os remédios. Agora, o mais importante nessa história é não parar de tomar remédio para a hipertensão.
A Anvisa explica que o risco para a saúde não é imediato. É pequeno. Até se alguém tomar esse remédio com impurezas na dose máxima e durante vários anos.
O presidente do Departamento de Hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Rui Póvoa, afirma que quem precisa controlar a pressão e para de tomar remédio é que corre risco imediato: “O indivíduo hipertenso, se ele parar de tomar o remédio, pode subir muito a pressão e ele ter um derrame cerebral. Pode ter um ataque cardíaco, ter um infarto do miocárdio. Então, continua tomando o remédio e vai trocar o lote que está com problema. E, enquanto não trocar, continua tomando o que tem”.
Muitas caixinhas de remédio que precisam ser recolhidas já não estão mais nas farmácias e, sim, nas casas de quem sofre de pressão alta. Por isso, é importante olhar se o remédio é de algum lote divulgado pela Anvisa.
A enfermeira Ana Maria Ferreira dos Santos toma Losartana e soube do problema na consulta na tarde desta sexta-feira (10). “O médico acabou de me falar, eu não sabia. Tenho que verificar esse lote e tomar minha medicação no horário”, fala.
O Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos declarou que o recolhimento de medicamentos que estejam fora do padrão é um procedimento de rotina da Anvisa, com o apoio da indústria farmacêutica. E que a oferta de produtos para hipertensão não vai ser prejudicada.
Para o consumidor, a Anvisa preparou uma lista com os números de lotes dos medicamentos que devem ser recolhidos, que pode ser rapidamente consultada. Basta verificar o número do lote que consta na caixa do medicamento e conferir aqui.
Para explicar o assunto com mais detalhes, a Anvisa publicou uma nota com várias informações sobre o tema para esclarecer e orientar a população. Confira aqui.
Fonte: Jornal Nacional
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