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quinta-feira, abril 11, 2019

O gigantesco iceberg que está se separando da Antártida- e por que o aquecimento global é inocente neste caso

Um iceberg gigante deve se romper em breve perto da estação britânica de pesquisa Halley VI, na Antártida- e dessa vez a culpa, segundo pesquisadores, não é do aquecimento global.

Cientistas dizem que a ruptura da geleira que produzirá um Iceberg to tamanho de Londres é resultado de um processo natural — Foto: JAN DE RYDT
Cientistas dizem que a ruptura da geleira que produzirá um Iceberg to tamanho de Londres é resultado de um processo natural — Foto: JAN DE RYDT

Os cientistas Jan De Rydt e Hilmar Gudmundsson passaram anos estudando o local e afirmam que o rompimento será resultado de um processo de erosão natural.

A estação britânica na Antártida, que está localizada numa plataforma flutuante de gelo, foi transferida em 2017 para mais longe da área onde haverá a ruptura.

Infográfico mostra o local da fissura — Foto: Nasa
Infográfico mostra o local da fissura — Foto: Nasa

O bloco que deve se descolar da plataforma deverá ter tamanho equivalente a 150 mil campos de futebol ou a área de uma cidade como Londres, segundo os cientistas. Não está claro quando, exatamente, isso vai ocorrer, mas pode ser a qualquer momento. Os funcionários da estação britânica foram, inclusive, retirados do local por precaução.

Aquecimento global
Assim que o rompimento ocorrer, certamente uma das primeiras perguntas a serem feitas será sobre a influência das mudanças climáticas no episódio.

O time da Northumbria University acredita que já pode responder a esse questionamento com segurança: "A influência é nenhuma".

Jan De Rydt e Hilmar Gudmundsson construíram um modelo para descrever o comportamento da plataforma flutuante de gelo, conhecida como "Brunt Ice Shelf".


O Brunt é essencialmente um amálgama de gelo glacial que se descolou do continente e passou a flutuar no oceano a um ritmo de 400 metros por ano.

Pesquisa explica como a fissura 1 se formou, onde começou o rompimento e para onde vai — Foto: JAN DE RYDT

Pesquisa explica como a fissura 1 se formou, onde começou o rompimento e para onde vai — Foto: JAN DE RYDT
Pesquisa explica como a fissura 1 se formou, onde começou o rompimento e para onde vai — Foto: JAN DE RYDT

Com satélites e equipamentos de coleta de dados da superfície do gelo, o time revelou como as erosões estão distribuídas pela estrutura de 260 metros de espessura. O modelo de cálculo desenvolvido pelos cientistas consegue prever quando as rupturas devem ocorrer e qual a extensão delas.

"O modelo mostra que as rachaduras no gelo começaram a aumentar como resultado das tensões internas geradas pelo crescimento natural da geleira. A própria geleira criou essa fissura", diz Hilmar Gudmundsson.

Mas essa rachadura que deve desembocar num rompimento não é a primeira nem única da plataforma de gelo. Há também uma rachadura apelidada de Halloween, descoberta em 31 de outubro de 2016, no dia das Bruxas. Neste caso, também, a explicação não vem do aquecimento global.

"Não há indicação de dados oceanógrafos nem atmosféricos de que o clima está afetando a área de Brunt", disse Rydt à BBC News.

"Nossas observações do oceano sofrem limitações, mas que o temos não indica a ocorrência de qualquer coisa incomum. Nosso modelo mostra que o que estamos vendo pode ser perfeitamente explicado por mudanças naturais na geometria do gelo", completou.

Infografia ilustra linhas da fissura de 1915 a 2019 — Foto: Nasa, Ste Lhermitte, USGS, Landsat
Infografia ilustra linhas da fissura de 1915 a 2019 — Foto: Nasa, Ste Lhermitte, USGS, Landsat

Foram Rydt e Gudmundsson que alertaram para a necessidade de mudar a estação de pesquisa Halley VI de local. Eles também recomendaram que a estação fique fechada de março a novembro deste ano.

Há incertezas sobre como a geleira vai reagir à ruptura e não seria inteligente arriscar ter de empreender missões de resgate na escuridão de um inverno polar.

Sem a presença de seres humanos na superfície de gelo, os sinais do rompimento terão que ser captados por equipamentos instalados no local e por observações espaciais.

Os radares do satélite Sentinela 1, da União Europeia, passam sobre a geleira semanalmente e são capazes de identificar não apenas a propagação de fissuras, mas também sutis deformações no gelo.

A tecnologia de coleta remota de dados é processada pela empresa ENVEO (Environmental Earth Observation), que fica em Innsbruck, na Áustria.

Os funcionários da ENVEO são co-autores de um artigo científico com o time da Northumbria University. O texto deve ser publicado na revista acadêmcia The Cryosphere.

Embora o modelo seja capaz de prever fissuras na geleira Brunt, ele não consegue calcular a data exata do rompimento total do bloco de gelo, que produzirá um iceberg de cerca de 1.500 km².

"Eu diria que (o rompimento) vai acontecer a qualquer momento, num prazo de um ano", diz Gudmundsson.

Fonte: G1

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