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quarta-feira, abril 24, 2019

Jovem de SP troca férias em resort para cuidar de crianças com HIV no Quênia

"Na primeira semana eu só chorava, pensava em desistir e ir embora. É muito dolorido ver aquelas crianças passando fome e doentes, sem o básico", confessou Larissa Aguiar, de 21 anos, sobre seu trabalho voluntário em Nairóbi, capital do Quênia, país do continente africano. A jovem, que mora em Santos, no litoral de São Paulo, resolveu dedicar a vida à filantropia.

Ao finalizar o primeiro ano da faculdade de medicina, a estudante decidiu investir todo o seu tempo livre, durante as férias, no trabalho voluntário. A jovem passou 50 dias cuidando de crianças soropositivo na favela de Mathare.

"Já fui com a visão de que seria totalmente diferente da minha realidade. Mas, quando cheguei lá, confesso que o choque foi muito maior do que eu esperava. Trabalhei em uma favela que tem mais de 1 milhão de pessoas sem acesso a banheiro e água. A população vive em meio a um esgoto a céu aberto”, relata.

Larissa resolveu abrir mão das férias e dedicar seu tempo para ajudar as crianças quenianas. — Foto: Arquivo pessoal
Larissa resolveu abrir mão das férias e dedicar seu tempo para ajudar as crianças quenianas. — Foto: Arquivo pessoal

Ao G1, Larissa conta que atuou no local em projetos de saúde, através de uma ONG chamada 'Mama Africa Pendo', que é voltada ao empoderamento feminino, educação para crianças e saúde para as famílias quenianas. A organização não governamental recebe pessoas de diferentes países.


Ela visitava as casas onde moravam as famílias e passava a maior parte do tempo em uma creche com as crianças. "Eu as levava na emergência quando passavam mal, cuidava da alimentação, higiene, observava sinais de abuso e maus-tratos. Era triste ver tantos casos de crianças que eram abusadas por familiares".

Segundo relata a jovem, além da violência sexual que muitas crianças sofrem, a fome ainda é uma das partes mais "devastadoras e tristes" no país. Um dos dias mais difíceis para ela foi ver Rose, uma das crianças das quais cuidava, passar mal por não ter o que comer e precisar tomar uma forte medicação.

"Aquele dia voltei destruída. Foi bem pesado. As crianças eram muito carentes e só de você estar ali elas já se sentiam amadas e retribuíam com muito carinho. Apesar de todas essas dificuldades, elas sempre buscavam ser felizes com tão pouco", destaca.

Favela em que Larissa passou 50 dias não tem água e tratamento de esgoto — Foto: Arquivo pessoal
Favela em que Larissa passou 50 dias não tem água e tratamento de esgoto — Foto: Arquivo pessoal

Transformação
De acordo com a estudante, o voluntariado foi uma escolha que fez com que ela abrisse mão de viagens para resort, intercâmbio nos Estados Unidos e o tempo livre que teria para sair com os amigos e passar com a família, mas que não se arrepende.

Larissa passou o Natal, Ano Novo e o início de 2019 no país africano. Agora, de volta ao Brasil, ela está arrecadando fundos para retornar ao Quênia em dezembro de 2019. A jovem criou uma loja virtual onde vende roupas, doces e acessórios e todo valor será destinado ao seu retorno e ajuda à favela de Nairóbi.

Segundo a estudante, crianças vivem em situação precária e passam fome no Quênia  — Foto: Arquivo pessoal
Segundo a estudante, crianças vivem em situação precária e passam fome no Quênia — Foto: Arquivo pessoal

"Foi dolorido vir embora, mas eu já voltei com a certeza de que não foi um adeus, e sim um até logo. Estou na contagem regressiva para voltar", diz.

Larissa se sensibilizou com a realidade dos quenianos e afirma que a experiência a transformou. "Percebi que felicidade está na simplicidade e que a única coisa que realmente importa nessa vida é o amor e a conexão que criamos com as pessoas em nossa volta. O quanto você se doou e se entregou de corpo e alma. O amor realmente transforma tudo", finaliza.

Fonte: G1

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