Três anos depois de receber o certificado de país livre do sarampo, o Brasil sofre com o retorno da doença. Segundo o Unicef, foram 10.262 casos confirmados em todas as regiões do país no ano passado. No Rio Grande do Norte, entretanto, não existem registros da doença há 15 anos. No mesmo período do ano passado, 23 pessoas estiveram com suspeitas de sarampo no estado, mas foram descartados após os exames. Este ano, foram três suspeitos, todos de cidades interioranas e adultos. Os casos também foram descartados.
Campanha de vacinação no ano passado atingiu 92,9% do publico alvo, um índice suficiente para evitar que a doença se espalhe
Apesar de não registrar casos, existe a preocupação constante do Estado com o retorno do sarampo. A doença chegou a matar 2,5 milhões de crianças no mundo na década de 90, mas, depois que foi combatida e o número de casos diminuíram, a avaliação de médicos e gestores da saúde é de que as pessoas começaram a esquecer a doença e deixaram de se vacinar. “Se uma pessoa que tiver sarampo lá em Roraima resolver viajar para o Rio Grande do Norte é possível que ela transmita para inúmeras pessoas. E cada pessoa que vai pegando vai transmitindo para outros, que se não estiverem imunizadas pode causar um surto”, explica o infectologista André Prudente, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e diretor do Hospital Estadual Giselda Trigueiro.
No ano passado, o Ministério da Saúde realizou uma campanha de vacinação da tríplice viral, que combate o sarampo, com a meta de imunizar 90% dos vulneráveis. A faixa etária alvo da campanha foram crianças menores de cinco anos. No Rio Grande do Norte, a campanha atingiu 92,9% dessas pessoas, ultrapassando a meta estabelecida. Essa porcentagem é vista como suficiente para evitar que a doença se espalhe rapidamente caso o vírus chegue ao estado.
A idade até cinco anos é mais frágil ao sarampo porque a doença pode causar desidratação (devido à diarréia e vômitos), e levar à morte. A pessoa adulta, por outro lado, são mais resistentes aos efeitos da doença e se recuperam mais rápido, mas hoje é a faixa etária com maior possibilidade de contraí-la, principalmente quem tem entre 18 a 49 anos. “Muitas pessoas esqueceram que precisavam tomar a vacina porque ela já não era mais falada, e essas pessoas são adultas hoje. Elas são as mais vulneráveis justamente porque não são vacinadas”, afirma Juliana Araújo, diretora da vigilância epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Natal.
A vulnerabilidade pode ocorrer principalmente porque só a partir do ano 2000 foi estabelecido pelo Ministério da Saúde a necessidade de duas doses da vacina para a imunização completa. Segundo o pediatra Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), muitos brasileiros nascidos antes dessa data podem precisar de mais uma dose da vacina, mas não sabem disso. “A vacina utilizada [antes de 2000] era a monovalente, aplicada apenas em uma dose. A proteção era de cerca de 70%. A trivalente, utilizada hoje, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, oferece em torno de 97% de proteção após a segunda dose”, afirmou o médico ao portal de notícias R7 em reportagem publicada na última quinta-feira, 25.
Número
03 casos suspeitos da doença foram registrados este ano no Estado, mas já descartados.
SARAMPO
Saiba mais sobre sintomas, tratamentos e vacina
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Sintomas
Dores nos músculos;
Tosse forte ou seca;
Fadiga, febre, mal-estar ou perda de apetite;
Nariz escorrendo, vermelhidão ou espirros;
Erupções ou manchas vermelhas;
Conjuntivite, dor de cabeça, dor de garganta, inchaço nos gânglios, irritação nos olhos ou sensibilidade à luz.
Tratamento
O tratamento consiste em medidas para aliviar os sintomas, como o esforço para hidratação e diminuir intensidade de dores, tosse e febre. Não existe um tratamento específico contra o vírus depois que ele é contraído, somente a vacina.
Transmissão
A transmissão do vírus é por via respiratória. A tosse, fala e respiração podem contagiar. O contágio é mais provável em áreas de grande aglomerações. Nisso, existe a repercussão das condições sociais. Casas de pessoas com condições sociais mais vulneráveis costumam ter mais gente concentrada em menos espaço. O sarampo é considerado um vírus de fácil transmissão.
Números
3 pessoas estiveram com suspeita de sarampo no Rio Grande do Norte até abril deste ano;
23 pessoas estiveram com suspeita de sarampo em todo o ano passado;
Cobertura
67.805 doses da tríplice viral foram aplicadas no Rio Grande do Norte
Isso corresponde a 75% da cobertura vacinal
92,9% é a cobertura que o Rio Grande do Norte alcançou na campanha de vacinação contra o sarampo no ano passado, segundo o Ministério da Saúde, entre pessoas de menos de cinco anos;
Doses da tríplice viral em pessoas de 20 a 59 anos no RN
2015: 17
2016: 116
2017: 644
2018: 2.582
Fonte: Tribuna do Norte