Os procuradores da Lava Jato do Rio de Janeiro descobriram que Régis Fichtner, ex-secretário da Casa Civil do governo de Sérgio Cabral (2007-2014), preso pela segunda vez na sexta-feira (15), manteve pessoas “de seu relacionamento próximo” em postos estratégicos da Procuradoria-Geral do Estado (PGE), mesmo após ter sido suspenso do órgão por ordem judicial de dezembro de 2017 – quando foi preso pela primeira vez.
Há suspeita de que o suposto infiltrado tenha, inclusive, vazado a operação que prendeu o ex-secretário na sexta (15).
Em petição a que o G1 teve acesso, o Ministério Público Federal (MPF) afirma que Fábio Braga Martins, filho do suposto “homem da mala” de Fichtner, o tenente coronel aposentado Fernando França Martins, ocupava desde dezembro de 2016 um cargo na Coordenadoria Militar da Procuradoria-Geral do Estado, “tendo por uma das atribuições acessar dados de natureza sigilosa no interesse do órgão”. Fernando também foi preso na sexta (15).
No total, o MPF estima que Régis tenha movimentado, ao menos, R$ 5 milhões em propina – boa parte manuseada pelo pai do infiltrado.
No posto, Fábio teria tido acesso ao pedido da Lava Jato, feito de forma confidencial à PGE, para que o órgão público informasse quais pessoas visitaram Régis na PGE – ele é procurador do estado desde a década de 90.
Fábio teve acesso a dados da investigação contra Fichtner, segundo Lava Jato — Foto: Reprodução
O resultado de tal levantamento mostrou que o pai do infiltrado esteve várias vezes no prédio – informação usada pelos procuradores para comprovar a relação entre o suposto “homem da mala” e o ex-secretário.
Segundo a Lava Jato, “Fábio Braga Martins, em razão do cargo que ocupava até o último dia 15, teve acesso a dados da investigação, em especial à informação que ligava diretamente o nome de seu pai a Régis Fichtner”.
Com base nessa nova informação, os investigadores voltaram a se debruçar sobre os dados da quebra de sigilo do ex-secretário. Descobriram que “foram identificadas dezenas de ligações entre Régis e Fábio Braga Martins, inclusive depois que Fábio já ocupava função de confiança no Comando Militar da Procuradoria-Geral do Estado, o que comprova o relacionamento entre ambos”. Fábio deve ter a exoneração publicada no Diário Oficial do Estado.
O MPF cita ainda que, mesmo após deixar a PGE, Fichtner continuou a mandar e-mails, pedindo informações e favores à antiga secretária, Ana Lúcia Vieira.
A petição que cita a presença do infiltrado foi protocolada na 7ª Vara Federal, de onde saiu a ordem para prender o ex-secretário, assim como no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), onde o foi apresentado um habeas corpus para soltar o preso.
O caso será analisado pelo desembargador Paulo Espírito Santo, que foi o responsável por soltar Fitchtner na primeira detenção, em dezembro de 2017 – e afastá-lo do cargo na PGE.
Fonte: G1
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