O Clube de Regatas do Flamengo se recusou a celebrar um acordo de reparação às vítimas do incêndio no Centro de Treinamento Ninho do Urubu, informou a Defensoria Pública do Rio na noite desta terça-feira (19). A recusa da proposta foi informada por meio de ligação telefônica às 19h.
Especialistas dizem que Flamengo assumiu risco ao manter aberto local interditado — Foto: Reprodução/JN
"Os valores apresentados pelo clube estão aquém daquilo que as instituições entendem como minimamente razoável diante da enorme perda das famílias e demais envolvidos", diz o texto da Defensoria.
Nesta terça, dirigentes do Flamengo se reuniram com representantes da Defensoria Pública, do Ministério Público do RJ e do Ministério Público do Trabalho para "esgotar" as negociações sobre as indenizações às vítimas.
A nota da Defensoria informa que com o fim da tentativa de acordo, as instituições vão tentar a reparação judicial. Nesta quarta-feira (20), familiares dos jogadores serão atendidos pela Defensoria Pública para que sejam orientados sobre as medidas possíveis.
No final da noite desta terça-feira, o Flamengo divulgou uma nota dizendo que chegou a apresentar valores "acima dos padrões que são adotados pela Justiça brasileira". Segundo o clube, essa seria uma tentativa de "atender com brevidade as famílias de seus jovens atletas".
"O Flamengo teve o cuidado de oferecer valores maiores dos que estão sendo estipulados em casos similares, como, por exemplo, o incêndio da boate Kiss, ocorrido em 2013. Até hoje, vale lembrar, famílias não receberam a indenização", dizia a nota oficial do clube.
Nota
Leia a íntegra da nota divulgada pelo Clube de Regatas do Flamengo:
O Clube de Regatas do Flamengo, em relação às tratativas com o MP-RJ, a Defensoria Pública e o Ministério Público do Trabalho, esclarece que:
- No primeiro dia do trágico acidente, o Flamengo tomou a iniciativa de procurar as autoridades e se pôr à disposição para, independentemente das investigações acerca de culpa, indenizar as famílias de seus jovens atletas no menor prazo possível.
- Para este fim, o Clube se prontificou a participar de um processo de composição amistosa. Trouxe familiares das vítimas para o Rio de Janeiro, com o objetivo de que estes pudessem se reunir com a Defensoria Pública e, assessorados por ela, tivessem a oportunidade de participar diretamente do processo amistoso de negociação.
- Paralelamente, o Flamengo participou de reuniões com as autoridades, buscando estabelecer critérios comuns para a negociação.
- Nestes encontros, foi solicitado ao Clube que este apresentasse uma proposta de valor que pudesse balizar as conversas. Isso foi feito, embora não atendesse ao princípio de uma mediação aberta.
- Nesta terça-feira (19), após reunião com autoridades daqueles órgãos, o Flamengo - independentemente de processo judicial - ofereceu, por fim, um valor que está acima dos padrões que são adotados pela Justiça brasileira, como forma de atender com brevidade as famílias de seus jovens atletas.
- O Flamengo teve o cuidado de oferecer valores maiores dos que estão sendo estipulados em casos similares, como, por exemplo, o incêndio da boate Kiss, ocorrido em 2013. Até hoje, vale lembrar, famílias não receberam a indenização.
- A atuação do Flamengo, no Brasil, é praticamente inédita, até onde se tem notícia.
- Diante disso, o Flamengo reitera o propósito de se antecipar e informa que vai instaurar procedimento de mediação no Núcleo de Mediação do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, coordenado pelo Desembargador Cesar Cury, e para o qual convidará as famílias - e deixando claro que as autoridades também serão convidadas.
Fonte: G1
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