A proposta do Flamengo para indenizar as famílias das vítimas do incêndio no Centro de Treinamento do Ninho do Urubu ocorrido no último dia 8 de fevereiro corresponde a 20% do valor sugerido pelos promotores e defensores públicos que acompanham o caso.
A afirmação foi feita nesta quarta-feira (20) por representantes da Câmara de Conciliação, que reuniu procuradores do Ministério Público do Trabalho, promotores e procuradores do Ministério Público Estadual e defensores públicos Defensoria Pública do RJ.
Os integrantes do grupo que negociou diretamente com o Flamengo sugeriram R$ 2 milhões por dano moral a cada família e, em contrapartida, o clube ofereceu uma proposta que, em média, variava entre R$ 300 mil e 400 mil.
Alojamento destruído no Ninho do Urubu — Foto: Reprodução/JN
Também segundo integrantes da Câmara, além da indenização por danos morais, o clube ofereceu uma pensão mensal equivalente a 1 salário mínimo para cada família pelo período de dez anos.
O valor corresponde a aproximadamente 10% do que propuseram os defensores, que é uma pensão de pelo menos R$ 10 mil mensais ao longo de 30 anos, até que cada um dos adolescentes mortos completassem 45 anos.
Em nota, o Flamengo confirmou não ter havido consenso com a propostas das autoridades e que o clube teve a preocupação em apresentar valores de indenização acima daqueles oferecidos em outras tragédias, como a da Boate Kiss, por exemplo. Veja a íntegra da nota abaixo.
Proposta da Câmara de Conciliação:
Indenização: 2 milhões de reais para cada família
Pensão: mínimo de R$ 10 mil para cada família por cerca de 30 anos (até que os atletas completassem 45 anos)
Proposta do Flamengo, segundo a Câmara:
Indenização: R$ 300 a R$ 400 mil para cada família
Pensão: salário mínimo para cada família por 10 anos
A proposta do clube foi apresentada aos familiares das vítimas nesta quarta-feira (20), durante reunião na Defensoria Pública do Rio, no Centro da cidade. Participaram do encontro familiares de oito dos dez garotos mortos na tragédia, além de representantes da Câmara de Conciliação.
Leia a íntegra da nota do Flamengo:
O Clube de Regatas do Flamengo, em relação às tratativas com o MP-RJ, a Defensoria Pública e o Ministério Público do Trabalho, esclarece que:
- No primeiro dia do trágico acidente, o Flamengo tomou a iniciativa de procurar as autoridades e se pôr à disposição para, independentemente das investigações acerca de culpa, indenizar as famílias de seus jovens atletas no menor prazo possível.
- Para este fim, o Clube se prontificou a participar de um processo de composição amistosa. Trouxe familiares da vítimas para o Rio de Janeiro, com o objetivo de que estes pudessem se reunir com a Defensoria Pública e, assessorados por ela, tivessem a oportunidade de participar diretamente do processo amistoso de negociação.
- Paralelamente, o Flamengo participou de reuniões com as autoridades, buscando estabelecer critérios comuns para a negociação.
- Nestes encontros, foi solicitado ao Clube que este apresentasse uma proposta de valor que pudesse balizar as conversas. Isso foi feito, embora não atendesse ao princípio de uma mediação aberta.
- Nesta terça-feira (19), após reunião com autoridades daqueles órgãos, o Flamengo - independentemente de processo judicial - ofereceu, por fim, um valor que está acima dos padrões que são adotados pela Justiça brasileira, como forma de atender com brevidade as famílias de seus jovens atletas.
- O Flamengo teve o cuidado de oferecer valores maiores dos que estão sendo estipulados em casos similares, como, por exemplo, o incêndio da boate Kiss, ocorrido em 2013. Até hoje, vale lembrar, famílias não receberam a indenização.
- A atuação do Flamengo, no Brasil, é praticamente inédita, até onde se tem notícia.
- Diante disso, o Flamengo reitera o propósito de se antecipar e informa que vai instaurar procedimento de mediação no Núcleo de Mediação do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, coordenado pelo Desembargador Cesar Cury, e para o qual convidará as famílias - e deixando claro que as autoridades também serão convidadas.
Fonte: G1
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